Cássio Casseb sai e Rossano Maranhão assume a presidência do BB
O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, confirmou ontem, dia 16, a saída de Cássio Casseb, 49, da presidência do Banco do Brasil. Em seu lugar ficará Rossano Maranhão Pinto, presidente do conselho do BB e vice-presidente da área internacional e de atacado do banco.
Maranhão é funcionário de carreira do banco, no qual ingressou em 1976. Foi um dos dois diretores que permaneceu na instituição após o presidente Lula assumir o governo. Hoje, ele trabalha na área responsável pelas captações no mercado internacional.
Casseb estava no cargo desde 29 de janeiro de 2003 e sua saída acontece após a notícia, publicada pela Folha, da contratação de consultores sem licitação no final do ano passado.
Conforme a Folha Online, com a dispensa de licitação, o BB empregou os consultores Boanerges Ramos Freire, James Rubio e Joaquim Xavier da Silveira por salários de até R$ 820 mil, por ano, para cada um. A remuneração mínima foi fixada em R$ 540 mil.
Os três foram executivos da Credicard, empresa que Casseb presidiu. James Rubio e Joaquim da Silveira trabalharam diretamente com Casseb na administradora de cartão de crédito. Silveira foi colega do atual presidente do BB também no Citibank. Casseb foi vice-presidente de Tesouraria do banco americano. Os consultores foram contratados para a implantação do Banco Popular do Brasil, braço do BB criado no ano passado para operar com microcrédito.
Graduado em Engenharia, Casseb iniciou sua carreira em 1976 no BankBoston, foi em 1979 para o Banco Francês & Brasileiro, no qual foi diretor financeiro no Brasil e diretor comercial para a região Noroeste. Em 1988, seguiu para o Banco Mantrust SRL, onde foi vice-presidente financeiro e vice-presidente executivo.
Em 1993, tornou-se vice-presidente financeiro do Citibank. Assumiu a presidência da Credicard em 1997. Nascido em São Paulo, ele é casado e tem duas filhas.
Eu já sabia, comemoram bancários – A saída de Casseb já era esperada pelo movimento sindical. Na recente greve, os bancários já pediram o afastamento do presidente, bem como do conjunto da diretoria do BB. Fora Casseb era uma das palavras-de-ordem. “Nossos problemas com Casseb estavam focados em dois pontos: a falta de diálogo com os funcionários, que se materializou durante a greve nacional de 30 dias, quando o BB se manteve intransigente e se negou a abrir canais de negociação; e a gestão do banco, que levou o BB a atuar como banco comercial visando somente o lucro”, avalia o diretor do Sindicato e representante do RS na Comissão de Empresa dos Funcionários, Ronaldo Zeni.
“Queremos um BB público, eficiente e voltado para o desenvolvimento econômico e social, para a geração de empregos, que respeite os seus funcionários e que não aja como um agiota, a exemplo dos banqueiros privados”, conclui Ronaldo.
O Sindicato espera que as alterações no BB não se limitem à troca do presidente. Veja abaixo o manifesto subscrito pelo Sindicato, aprovado na reunião do último dia 9 do Sistema Diretivo da Federação dos Bancários do RS, que exige mudanças na administração do banco:
MANIFESTO
Queremos mudanças no Banco do Brasil
Os funcionários do Banco do Brasil acabaram de sair de uma greve nacional de trinta dias. Por hora nos interessa avaliar as motivações que levaram o funcionalismo a cruzar os braços, pois as greves no BB sempre estiveram vinculadas a aspectos políticos e profissionais.
Muitos trabalhadores do BB votaram e apoiaram a eleição de Lula. A expectativa de mudanças foi a grande motivação deste apoio. Esperança de melhorar a distribuição de renda no Brasil, de combater os graves problemas sociais, de incluir milhões de brasileiros no mercado do trabalho.
Na agenda interna, esperança de impedir a privatização do Banco do Brasil, de recuperá-lo como motor da economia, como agente financeiro da produção e como agente redutor das desigualdades sociais e regionais.
Para o funcionalismo, esperança de resgatar a dignidade do funcionalismo, de acabar com o arrocho salarial, de recuperar direitos roubados. Esperança de voltar a ser respeitado pelo banco.
O funcionalismo do BB dedica grande parte de sua vida à empresa e se sente responsável pelos destinos dela, pelas suas estratégias de atuação enquanto empresa pública. E nutre forte desejo de que o novo governo altere sensivelmente a sua linha de atuação.
Os funcionários não admitem que o banco continue se apequenando, que permaneça um mero balcão de venda de produtos e serviços bancários, sem cumprir a sua função social de disponibilizar linha de crédito para o investimento produtivo e para a geração de emprego e renda.
O funcionalismo não suporta mais ver a empresa comandada por dirigentes que não têm qualquer afinidade com as políticas governamentais de retomada do crescimento, de incentivo à exportação, de disponibilização de recursos financeiros para atividades agrícolas, industriais, comerciais e de serviços.
O funcionalismo não suporta mais ser comandado por aqueles que vêem o banco como qualquer empresa privada, sem uma estratégia de compromisso com a nação brasileira.
O funcionalismo quer mudanças. E já.
Não é possível a continuidade do calvário em que se transformou a rotina das agências. Alguns vice-presidentes, diretores e superintendentes, responsáveis pela manutenção do banco com as mesmas características impressas pelo governo anterior, são os mesmos que impõem metas inatingíveis, determinam a Superação delas e nem mesmo cumprem acordos de trabalho muitas vezes impostos aos funcionários de agências.
Estes senhores freqüentemente desprezam padrões éticos nas relações com clientes e funcionários: induzem a venda fictícia de títulos de capitalização, cartões e seguros; induzem a concorrência doentia entre agências do próprio banco; estimulam à implantação de limites de crédito sem o conhecimento de clientes, o bloqueio massificado de senhas de aposentados como estratégia para expandir a base de clientes e a liberação de crédito somente para clientes que comprarem produtos.
Tanto o presidente do banco quanto o comandante da rede de agências de varejo são os principais arautos desta política que privilegia resultados de curto prazo em detrimento de um banco voltado para a Nação brasileira, para o crescimento auto-sustentado da economia.
Estes senhores mantêm, no BB, a mesma política do governo anterior, de destruição do banco enquanto empresa pública e instrumento do governo para orientar a economia. Essa é a razão pela qual conservam, em muitos cargos de comando e superintendências, burocratas afinados com uma política conservadora e privatizante que, além de destoar da política de desenvolvimento do programa do governo Lula, submete o funcionalismo a uma intensa opressão.
Podemos dizer que estes senhores são os maiores responsáveis pelos trinta dias de greve, pois submetem o funcionalismo a uma tensão permanente, que acirrou ainda mais os ânimos antes e durante a campanha salarial. O funcionalismo não protestou somente por melhores salários. Protestou também por melhores condições de trabalho, contra esse autoritarismo e declarou, em alto e bom som, que exige mudanças.
Os trabalhadores do BB querem voltar a ter esperança. O funcionalismo quer um banco que atenda à Nação brasileira. E isto só acontecerá com a substituição dos
fonte: Seeb POA, com informações da Folha Online