Bancários relatam clima de tensão no Santander
A notícia de que o Santander estaria planejando demitir 20% dos seus funcionários foi recebida com apreensão pelos bancários – mesmo tendo sido desmentida logo em seguida pelo banco espanhol. Isso porque só no mês de junho, ao menos 15 trabalhadores foram demitidos em plena pandemia causada pelo novo coronavírus, desrespeitando os trabalhadores e a negociação com o Sindicato, já que em mesa com a Feneban (federação dos bancos), os três maiores bancos privados do país, Santander, Itaú e Bradesco, comprometeram-se a não demitir durante a pandemia.
“Se o banco não está realizando cortes nos outros países onde opera, queremos o mesmo tratamento no Brasil. Reivindicamos que a negociação e os acordos firmados com os representantes dos trabalhadores sejam respeitados, já que toda medida que vá impactar na vida dos bancários precisa ser discutida com seus representantes”, afirma Marcelo Gonçalves, diretor executivo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e bancário do Santander. “Realizar demissões em meio a uma pandemia global, da qual o Brasil é o novo epicentro, é praticar uma gestão desumana. Se em condições normais já é difícil conseguir uma recolocação profissional, imaginamos como os trabalhadores vão ficar agora”, completa.
Marcelo conta que, soma-se ao medo da demissão, um aumento brutal da cobrança de metas e produtividade nas agências e demais locais de trabalho. É o que relatam, também, vários bancários e bancárias que procuraram o Sindicato nos últimos dias.
“As metas não reduziram desde o início da pandemia, só que agora estão surgindo novos produtos e motores de venda. No início da pandemia, o banco havia se comprometido a não demitir. No entanto, nem chegamos no pico da contaminação e o Santander já vem mandando embora, o que deixa um clima muito tenso e desesperador. O banco parece não entender que estamos em um cenário de retração de economia e exige cada vez mais vendas dos funcionários, que estão com muito medo de perder o emprego. Alguns colegas estão largando o home office porque acham que dessa forma vão conseguir bater a meta, colocando a própria vida em risco. Todos se sentem inseguros e sem apoio da instituição”, relatou uma bancária, que terá sua identidade preservada para evitar represálias.
“A cobrança de vendas está demais. Cada dia uma colega sai chorando do trabalho. O gestor dá advertência por qualquer coisa. Tudo é na base da advertência, cobrança, ameaça”, contou outra funcionária do Santander.
“A gente tem que fazer o que eles querem e ficar quieta. Meu chefe fez uma reunião recentemente dizendo que a gente tem que fazer o motor de vendas, tem que fazer 80 produtos no mês… Tem dia que eu vou almoçar depois das 16h30, e a chefia não dá a mínima para isso”, protestou uma terceira.
Marcelo Gonçalves reforça que os bancários que se sentirem assediados devem entrar em contato imediatamente com o Sindicato por qualquer um dos canais de comunicação da entidade.
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