Associados conhecem os poderes da Meditação no Qualidade de Vida
A prática da meditação atrai a curiosidade de muitos, uma vez que vivemos em uma sociedade cada vez mais acelerada e caótica. Para entender um pouco mais sobre o tema, o programa Qualidade de Vida convidou o professor Rui Afonso – formado e pós-graduado em Fisiologia do Exercício pela UNIFESP e pesquisador sobre corpo-mente – em palestra no auditório da Afubesp na quarta-feira (30).
A atividade prendeu a atenção dos colegas que compareceram em peso – além dos vários novos participantes. Em duas horas e meia de palestra, o especialista fez um apanhado histórico e apresentou evidências científicas sobre os efeitos das terapias corpo-mente como a meditação e a prática de Yoga.
Segundo ele, antes as pessoas que faziam meditação carregavam estereótipos. “Quando comecei a praticar, me chamavam de hippie. Me apelidaram com o nome de um personagem de uma novela da época que meditava e ouvia mantras”, disse. Porém, o assunto está tomando volume e forma. “Atualmente, hospitais renomados investem em pesquisas para desvendar os efeitos no corpo humano destas terapias onde a mente tem papel fundamental”, completou Rui.
E estes estudos têm apontado ligações do ato de meditar com a redução do estresse, da pressão arterial e outros benefícios – visto que, de acordo com o pesquisador, a saúde mental da população está se deteriorando com os vários transtornos, seja de humor, depressão, bipolaridade, psicose, ansiedade, síndrome do pânico, abuso de drogas e álcool. Exemplo disso é que um estudo da UNIFESP aponta a diminuição dos índices de cortisol (hormônio produzido nos quadros de estresse) após a prática de Yoga.
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Nossa natureza mostra que estas reações do corpo quando estamos sob pressão também estão presentes nos animais em geral. “Por exemplo: quando confrontado por um cachorro, um gato arrepia os pelos, projeta as unhas, mostra os dentes. Neste pouco tempo, ele calcula os riscos de fugir ou enfrentar”, comparou. Com os humanos, o processo é praticamente o mesmo diante do perigo. As mãos suam, o coração acelera, a boca seca. A exceção é de que temos a capacidade de decidir entre tomar remédios ou controlar o corpo via respiração e equilíbrio, segundo Afonso.
No último momento da palestra, o professor organizou um momento de meditação. Para meditar não é necessário cruzar as pernas, conforme as imagens mais comuns sobre o tema sugerem. Sentados nas poltronas, os participantes repousaram as mãos nas pernas e fecharam os olhos, seguindo as orientações do especialista como relaxar e sentir a respiração, prestar atenção no comportamento do próprio corpo, no peso dos braços e até a temperatura do ar entrando nos pulmões.
Poder da meditação – Para a banespiana e membro da CNAB Sônia Temperani, a meditação e Yoga tiveram papel fundamental na melhoria de sua qualidade de vida. Sofreu de insônia há mais de vinte anos, dormindo poucas horas à noite. Sua vida começou a mudar quando se voluntariou em uma pesquisa da UNIFESP no estudo do problema, onde Afonso era um dos pesquisadores. Esta foi a sua primeira participação no Qualidade de Vida e, por uma coincidência, o palestrante foi um dos responsáveis por esta virada do bem. “Quando soube que seria esta a atividade logo confirmei minha presença”, diz Sônia.
Segundo ela, nada parecia dar resultados antes de começar a praticar a meditação. “Durante a pesquisa, passava várias noites fazendo polissonografia (exame que investiga distúrbios do sono), e participava da turma do placebo. Ou seja, tomava comprimidos sem efeito por conta do estudo”, conta. Quando ao final da pesquisa não foi constatada melhora, a presentearam com sessões com profissionais de diversas especialidades – entre elas com Rui, a quem considera “como um filho”, com yoga e meditação. “Comecei aos poucos a aplicar os ensinamentos no meu dia a dia e hoje me sinto uma pessoa muito melhor. O simples ato de exercitar a respiração me faz dormir bem durante a noite”, afirma Sônia.
Letícia Cruz, Afubesp