Assédio moral no trabalho: saúde mental, dignidade e integridade em risco

No seu local de trabalho é comum ouvir agressões verbais, passar por constrangimentos ou suportar imposição de metas abusivas e até mesmo impossíveis? Para a categoria bancária, infelizmente, estes são sinais frequentes – e isso tem nome: assédio moral. Neste dia 2 de maio, celebra-se o Dia Nacional de Combate a Assédio Moral, com objetivo de conscientizar o trabalhador que passa por este tipo de sofrimento.
Uma das questões que podem ser trabalhadas para tornar o ambiente de trabalho mais positivo é a prevenção. Quanto mais informação sobre o assunto, menos as chances de que atitudes insalubres ocorram. De acordo com cartilha do Tribunal Superior do Trabalho (TST), o assédio “é uma conduta que traz danos à dignidade e à integridade do indivíduo, colocando a saúde em risco e prejudicando o ambiente de trabalho.”
O documento diz, ainda: “Essas condutas são incompatíveis com a Constituição da República e com diversas leis que tratam da dignidade da pessoa humana e do valor social do trabalho. Por isso, devem ser combatidas”, completa.
Logo, é preciso que o trabalhador identifique o que está passando . Existe o assédio moral interpessoal, que ocorre de modo direto, e o institucional – quando a organização incentiva tais comportamentos negativos. O assédio moral vertical acontece entre duas ou mais pessoas de níveis hierárquicos diferentes (chefe e subordinado). Ou seja, o chefe aproveita de sua posição para colocar o trabalhador em posições desconfortáveis, como desqualificá-lo ou puni-lo.
Já o assédio entre pares também existe, e é tão prejudicial quanto. Pode ocorrer por competição interna entre funcionários, o que torna o clima do ambiente de trabalho insustentável. As duas formas de assédio também coexistem.
Demissões e adoecimento
Nas agências, as demissões e fechamento de postos de trabalho pioram a situação do assédio e sobrecarga. Doenças mentais e comportamentais nos bancos saíram de 30% em 2012 para 55% em 2021, de acordo com o Sindicato dos Bancários de São Paulo. Entre as consequências físicas e mentais do assédio, estão palpitações, distúrbios digestivos, alteração no sono, dores de cabeça, depressão, redução de produtividade, entre outros.
“Ao invés de contratarem mais empregados, os bancos seguem cortando postos de trabalho, mesmo com a lucratividade expressiva do setor, com a sobrecarga de trabalho na maioria das agências e centros administrativos, e com a pressão e o assédio moral para o cumprimento de metas cada vez mais inatingíveis, o que resulta em muitos adoecimentos entre os trabalhadores”, aponta a dirigente da Afubesp e sindicato, Marta Soares.
O que fazer nessas situações?
De acordo com o TST, o trabalhador que passar por tais condições deve reunir provas, como e-mails, anotações, horários, registros de reuniões e nomes das pessoas envolvidas. Outra medida é conversar com colegas que testemunharam as situações ou que já vivenciaram as situações.
Em casos extremos, pode ser necessário comunicar a situação ao setor responsável ou Ouvidoria. A maioria dos sindicatos, como o Sindicato dos Bancários de São Paulo, têm canais específicos para acolher tais vítimas. Há situações tão extremas que as ações judiciais podem ser a única saída para que seja feita a devida reparação de danos morais.
Afubesp