AS MENTIRAS DA REVISTA VEJA
Sob o título “Efeito naftalina”, a revista Veja desta semana traz uma matéria sobre o Banespa com várias inverdades que desabonam a revista perante seus leitores.
É mais uma daquelas contribuições ao governo em sua tarefa de mentir, desinformar e conseguir levar adiante um projeto entreguista e voltado para as elites. Mais uma das pretensas reportagens destinadas a desinformar os leitores e fazer coro à farra privatista.
Já no início do texto, uma informação pela metade, ao referir-se à cassação das liminares como decisão do STF, sendo que a decisão foi do presidente daquele tribunal, ministro Carlos Velloso.
O presidente da Afubesp, Eduardo Rondino, enviou carta ao jornalista que assinou a matéria, enumerando os desvios e inverdades contidas no artigo.
Reproduzimos parte da carta de Rondino, para subsidiar aqueles funcionários que também queiram escrever para a revista (veja@abril.com.br) e manifestar sua indignação.
“1 – “A venda estava empacada por tribunais menores…”
(menores em saber jurídico, tamanho ou o quê?) e não relata que as liminares foram apreciadas por dois tribunais de segunda instância, sendo que a votação contrária à tese do governo foi de 13 votos a 3, (desembargadores do TRF da 3ª região – SP) e 9 a 6 (TRF da 1ª região- Brasília)
2- “o banco poderá ser vendido até o final do ano. A notícia é boa…” Boa para quem, cara pálida? O que os leitores da Veja vão ganhar com a extinção do maior agente de crédito rural do Estado de São Paulo, com a redução dos financiamentos ao pequenos produtores rurais – valor médio de R$14 mil reais e inadimplência de 1%! – ? Quem ganha com o conseqüente fechamento de agências, principalmente nos 93 municípios em que o Banespa é a única instituição bancária? Quem ganha com mais desemprego e falta de crédito rural? Quem ganha com o conseqüente aumento da concentração da propriedade da terra e com o êxodo rural? Qual benefício trará o surgimento de mais um banco privado?
3- … vai se lacrar um fosso de desperdício de dinheiro público que custou 45 bilhões de reais para ser saneado. De tanto o governo persistir nessa mentira, parece que até um jornalista com trânsito nessa área, como você, já a está tomando por verdade: mas, como eu lhe havia dito o Banespa não recebe um centavo do orçamento do Estado ou da União e não recebeu nenhum tostão para ser saneado, pois quem foi refinanciado foi o Estado de São Paulo que devia R$ 9 bilhões em 1994 ao Banespa, que, com a política de juros do FHC, transformou-se em R$ 24,4 bilhões em dezembro de 1997
4- O pessoal do Banespa também não anda empenhado em fazer negócios. Apenas 10,9% da receita do banco vem das taxas e tarifas.
Que pessoal? Quem vem emperrando a gestão do banco são os dirigentes do Bacen, e não o pessoal do banco. Temos R$16 bilhões entesourados que poderiam ser destinados ao crédito e isso só não é feito por diretriz dos interventores federais!
5- É bom que a privatização ocorra logo. Antes que os compradores desapareçam ou que não haja mais o que vender. Impressionante você comprar a tese do Bacen de que ou se vende o Banespa ou ele vai virar pó…
O Brasil tem muito espaço para bancos públicos, porque há enorme carência de crédito para investimento na produção e desenvolvimento, em áreas não atraentes para os bancos privados pela ausência de retorno financeiro imediato. Quem se preocupa com geração de emprego e renda sabe disso. E sabe também que com a adoção de medidas fiscalizadoras e de controle social é possível assegurar transparência e o bom desempenho desses bancos a serviço das comunidades.
Por último, informo-lhe que Agora não vai, apesar de FHC, da mídia e, infelizmente, apesar de você…
Saudações,
Eduardo Rondino”
fonte: AFUBESP