Síndrome da gaiola: entenda a condição agravada na pandemia que atinge milhares de pessoas
Todos sabemos que, principalmente nos últimos dois anos e meio de nossas vidas, o lar ganhou um significado da mais intensa proteção. Não é por acaso: o medo de adoecer na pandemia nos levou à precaução de nos mantermos isolados em casa, saindo somente para o necessário. Entretanto, com a flexibilização e a retomada de algumas atividades realizadas em comunidade, muitas pessoas sentem dificuldade em voltar à vida como era antes – e este fenômeno tem nome: Síndrome da Gaiola, ou “cave syndrome“. Nessa alusão, os pássaros se recusam a sair de seu cativeiro.
Essa condição não é exatamente um diagnóstico, mas atinge pessoas que já tinham antes algum tipo de transtorno como ansiedade, ainda que em níveis baixos. Uma característica principal da síndrome é que ela acomete a população mais jovem – porém, um dado recente coloca mais um fator: adultos, principalmente os idosos – que são ainda o grupo de maior risco para a covid-19 – também sofrem com a questão.
São eles que hoje, mesmo vacinados, ainda se apoiam em artifícios virtuais para suprirem suas necessidades sociais, como o contato com a família e amigos. Para as crianças, essa ruptura do online para o presencial é bem mais abrupta, e exige atenção. O desenvolvimento deste público depende diretamente de trocas reais e vivências que só surgem a partir dessas relações “ao vivo”.
De acordo com o professor do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, Guilherme Polanczyk, o ambiente de estresse extremo proporcionado pela pandemia potencializou medos irreais e a piora do quadro de ansiedade. “Existem pessoas que estão muito assustadas com a pandemia, em um nível em que realmente não saem de casa e recebem, de uma forma muito distante, outras pessoas e estímulos externos”, afirma o especialista ao Jornal da USP.
É preciso também estar atento aos sinais clássicos de depressão entre os que têm maior dificuldade em socializar. A falta de energia, disposição, prostração, irritabilidade e sentimentos negativos sobre o futuro e a vida precisam ser levados à sério, e tratados com especialistas em saúde mental. A Afubesp tem convênio com a psicóloga e psicanalista Mônica Rosa, que possui clínica na cidade de Atibaia, com atendimento presencial ou on-line. Para informações ou agendamento de consultas, o contato é (11) 99990-9122. Para ajuda imediata, ligue 188 (CVV).
Um passo de cada vez
Sair dessa condição pode ser um processo vagaroso, mas é essencial trabalhar na evolução. Conversar, acolher e ouvir sem julgamentos sobre as angústias de uma pessoa que está em dificuldade é a primeira atitude. Amigos e familiares podem agir explicando os riscos da contaminação e como podem se proteger efetivamente, com máscaras e ciclo vacinal completo. Trazer, dentro dos limites do indivíduo, que há como ser cuidadoso do lado de fora da gaiola. E, principalmente, ser positivo e otimista nessa transição.
(Fonte: Portal PEBMED)
Matéria originalmente publicada na edição 129 do Jornal Afubesp