Presidente do Santander ganha salário de marajá
O Santander remunerou muito bem o presidente Sérgio Rial em 2018. À frente da filial brasileira desde 2016, o executivo recebeu R$ 43,068 milhões, cerca de 13 milhões a mais que em 2017. Exigência desde o ano passado, a divulgação dos salários recebidos pelos presidentes das principais companhias brasileiras, com ações listadas na Bolsa de Valores, foi feita no último dia 31 de maio.
Quando comparado com a remuneração anual do operador de Caixa, incluindo benefícios, 1/3 de férias e décimo terceiro, o salário de Rial é 600 vezes maior. Já comparado com o de Escriturário, é 770 vezes maior.
“Não existe outro sentimento que não seja indignação diante de tamanha diferença salarial. Esses milhões são fruto de pesadas cobranças em cima dos bancários para baterem metas. Quanto será que o presidente vai ganhar este ano, já que, apenas no primeiro trimestre de 2019, o lucro do banco aumentou 22%?”, questiona o presidente da Afubesp, Camilo Fernandes.
Líder de reclamações
Apesar da alta remuneração para o seu presidente, o Santander tem demonstrado descaso com seus trabalhadores e clientes. Também no primeiro trimestre, o banco foi líder de reclamações do Banco Central, reflexo da precarização das condições de trabalho e das constantes demissões, o que impacta diretamente no atendimento.
Além disso, o banco vem promovendo mudanças drásticas nas agências, com o anúncio do fim dos Caixas humanos e reestruturação na área segurança, com a retirada das portas giratórias e vigilantes. “É para economizar? Acredito que uma empresa que remunera tão bem seu presidente não precisa disso. Precisa proteger seu capital humano e não apenas o seu capital financeiro,” afirma Camilo.
Trabalhos aos finais de semana
Desde o início do mês de maio, o banco vinha obrigando seus funcionários a trabalharem de final de semana de maneira “voluntária”, tentando vender a imagem de que era um projeto de educação financeira. O descanso aos sábados é garantido na Convenção Coletiva da categoria (cláusulas 8ª), na legislação trabalhista (Artigo 224), como também no artigo 1º da Lei nº 4.178 de 1962, que estabelece que os estabelecimentos de crédito não funcionarão aos sábados, em expediente externo ou interno.
“A atitude do banco é clara, prospectar clientes, obrigando seus funcionários a baterem metas e a trabalharem sem remuneração. Educação financeira começa em casa. Baixe os juros e pare com cobranças abusivas de tarifas”, frisa o presidente da Afubesp.
Defensor da Reforma Previdência
Em um país que chegou 13,4 milhões de desempregados no primeiro trimestre de 2019, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e de outros milhões que correm o risco de não se aposentar, Sérgio Rial obteve o benefício pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) aos 58 anos idade. Ele é grande defensor da Reforma da Previdência, que aumentará o abismo social do país ao dificultar a aposentadoria dos trabalhadores. Camilo lembra que o Santander vem fazendo propaganda pesada de sua previdência privada. “É muito oportuno Rial defender o projeto do governo, que só traz benefícios para os bancos e fundos de previdência privados. ”
Sonegação de imposto
Um dia antes da divulgação de sua remuneração, a Justiça de São Paulo deferiu a condução coercitiva de Sergio Rial, e de outros executivos do banco, pela CPI da Sonegação Tributária da Câmara Municipal de São Paulo.
Para se livrar das acusações o banco espanhol pagou R$ 195 milhões à vista em Imposto Sobre Serviços (ISS). O banco era investigado pela CPI por supostamente manter, entre 2014 e 2017, a sede de sua empresa Santander Leasing fora de São Paulo (em Poá e Barueri) para pagar alíquota menor do ISS.
“Santander sonega impostos que deveriam ser investidos nas áreas sociais, como Educação e Saúde. Isso prova que a ganância do banco não tem limites”, finaliza.
Mariana Valadares (MTB: 43155/SP)
Foto: Paulo Whitaker/Reuters