Pesquisa da USP relaciona alimentação inflamatória com piora da saúde mental feminina

No janeiro branco, em que lembramos dos cuidados que todos precisam ter acerca da saúde mental, foi divulgado estudo da Universidade de São Paulo (USP) que faz a conexão entre o sedentarismo e dietas pró-inflamatórias aos Transtornos Mentais Comuns (TMC) – distúrbios como a depressão e ansiedade, que não apresentam casos de psicose – em mulheres com mais de 40 anos.
A pesquisa da Faculdade de Saúde Pública (FPS) tomou como base índices já existentes na literatura científica para analisar alimentos com potencial inflamatório – por exemplo, os consideravelmente altos em gordura saturada, altas quantidades de açúcar e carboidratos simples, como as farinhas brancas. Já frutas, legumes e alguns óleos vegetais não entram nessa equação.
Segundo o resultado, mulheres que consumiram quantidades de alimentos inflamatórios e baixo grau de atividade física apontaram piora nos transtornos mentais comuns. Somado a isso, grande parte dessas mulheres apresentavam também presença de doenças crônicas como diabetes, hipertensão, artrite e artrose.
Coordenada pela professora Regina Mara Fisberg, a pesquisa avaliou uma amostra de 467 mulheres com mais de 40 anos, medindo o potencial inflamatório de dieta a partir do Índice Inflamatório Dietético (IID) e o grau de atividade física, a partir do Questionário Internacional de Atividade Física (Ipaq), que leva em consideração no cálculo até mesmo atividades feitas por lazer.
Glúten e lactose são vilões?
O ideal, segundo João Valentini Neto, doutorando pelo Programa de Pós-Graduação Nutrição em Saúde Pública, é nunca estigmatizar tais alimentos. “A pesquisa foge de simplismos nutricionais”, comenta. O objetivo não é generalizar e nem condenar seu consumo. Não se deve excluir alimentos com potencial inflamatório do cardápio e, sim, buscar equilíbro, Valentini Neto explica também que a alimentação balanceada deve se aproximar ao máximo do que era antes da era dos alimentos ultraprocessados e industrializados.
“A relação entre inflamação e transtornos mentais é abordada, especialmente, nos estudos sobre o eixo intestino-cérebro”, diz Neto. As doenças mentais prevalecem entre as mulheres com idade próxima à menopausa. Por isso, especialistas denominaram tal fenômeno como “inflammaging“, uma mistura de “inflamation” (inflamação) com “aging“, que significa “envelhecer” em tradução livre.
Afubesp com informação do Jornal USP