Greve dos bancários já conta com 200 mil adesões
A greve dos bancários, iniciada no último dia 15/9 em quatro capitais, ampliou na última sexta-feira para dezoito e também cresceu em muitas cidades do interior. Cerca de 200 mil bancários cruzaram os braços e, em assembléias no início da noite, decidiram manter o movimento grevista neste início de semana. Novas capitais podem aderir à greve amanhã, dia 21.
A Confederação Nacional dos Bancários (CNB/CUT) enviou na última sexta-feira uma carta para a Fenaban, com o objetivo de restabelecer as negociações. “Os banqueiros já concordaram e a expectativa é que nesta semana a gente volte a negociar”, disse Vagner Freitas, presidente da Confederação.
O terceiro dia de greve foi marcado por uma série de manifestações dos bancários e truculência por parte dos banqueiros. Em São Paulo, os trabalhadores chamaram a atenção da população para os problemas da categoria, com uma passeata pelas principais ruas do centro da cidade. Com mais de 4 mil trabalhadores com bandeiras, apitos e carro de som, os manifestantes gritavam palavras de ordem.
Para Vagner Freitas, a disposição de ampliar as conquistas era visível nos rostos dos bancários que participaram da passeata. “Os trabalhadores demonstraram unidade e tenho certeza que a greve será vitoriosa”, aposta.
A passeata terminou em frente à Câmara Municipal de São Paulo, onde a assembléia decidiu pela continuidade da greve. Os bancários de Campinas, Araraquara, Mogi das Cruzes, Presidente Prudente, Assis, Taubaté, Franca e Vale do Ribeira também continuam parados nesta segunda.
No Rio de Janeiro, os bancários também realizaram uma passeata e chamaram a atenção da população, da Candelária à Cinelândia, onde em assembléia aprovaram a continuidade da greve. Segundo informações do sindicato carioca, praticamente, todas as agências da capital fecharam as portas na sexta-feira. Somente o Bradesco, utilizando-se de força policial, conseguiu abrir suas agências após as 11h30.
No interior do Rio, a greve também se alastrou para novas cidades e paralisou agências de Angra dos Reis, Campos, Niterói, Nova Friburgo, Petrópolis, Teresópolis, Itaperuna, Nova Iguaçu, Nilópolis, São João de Meriti, Mesquita, Queimados, Duque de Caxias, Xerém, São Gonçalo, Alcântara e Três Rios.
Em Brasília, a greve se consolidou no BB e na CEF e praticamente todas as agências pararam. Nos bancos privados a greve também cresceu e pelo menos setenta agências não abriram. Ao longo do dia, o Bradesco conseguiu reabrir cinco em função do Interdito Proibitório.
A adesão à greve cresceu em Florianópolis. Quase todas as agências do Banco do Brasil e da Caixa fecharam suas portas na capital catarinense. A greve também cresceu nos bancos privados. No Besc também houve paralisação em várias agências, como a da Praça XV, a Central (rua Tenente Silveira), Rio Branco, Lauro Linhares e Biguaçu.
No Bradesco, novamente o clima ficou tenso na agência da Praça XV, no centro de Florianópolis. Por força de uma liminar, a agência reabriu e os dirigentes do sindicato e bancários em greve usaram a estratégia de ocupar o local e fazer um lanche coletivo. Os grevistas ficaram na fila durante todo o dia, na tentativa de retardar o atendimento. A gerência da agência acionou a força policial para que os grevistas saíssem do local. No final do expediente, os bancários em greve tiveram uma reunião com os funcionários da agência para reforçar a importância da unidade do movimento e da luta contra a intransigência do Bradesco.
O Sindicato de Florianópolis e o Banco do Brasil tiveram uma audiência no Ministério Público no final da tarde para a entrega da denúncia contra o assédio moral que está ocorrendo na empresa. Além de Florianópolis, Chapecó também está em greve, assim como Videira, Concórdia, Joaçaba, São Miguel D´Oeste. Blumenau e Criciúma entram no movimento grevista amanhã, dia 21.
Em Porto Alegre, a paralisação foi mais forte no BB e na Caixa, com cerca de cinqüenta agências de cada banco fechadas. Os bancários ainda cruzaram os braços no Banrisul e em bancos privados, como Bradesco, Sudameris, Unibanco, Itaú, Mercantil do Brasil, Santander e ABN Real.
Ainda no Rio Grande do Sul, a greve atingiu agências de Novo Hamburgo, Caxias do Sul, Cruz Alta, Osório, Pelotas, Rio Grande, Santa Cruz do Sul, Santo Ângelo, São Gabriel, Vacaria, Vale do Caí, Montenegro e Farroupilha.
Em Curitiba, aproximadamente oitenta agências fecharam as portas na sexta, sendo a grande maioria do Banco do Brasil e da Caixa Econômica. Os clientes tiveram acesso apenas aos serviços dos caixas de auto-atendimento nestas agências. No interior do Paraná, a greve atingiu Umuarama, com paralisação no Bradesco, Unibanco, ABN/Real e Itaú até as 11h.
Os bancários de Belo Horizonte também ampliaram a greve e, em assembléia na Praça 7, decidiram que hoje se concentrarão no quarteirão fechado da rua Carijós, em frente a agência Séculos da CEF, a partir das 13h. De lá, sairão em passeata pelas principais ruas do Centro e retornarão ao mesmo local para a realização de nova assembléia.
Na sexta-feira, a greve na capital mineira atingiu trinta agências da Caixa e outras trinta do Banco do Brasil. Também houve paralisações em agências do Itaú, Mercantil e HSBC. No interior, Cataguases, Divinópolis, Governador Valadares, Ipatinga, Juiz de Fora, Patos de Minas e Teófilo Otoni aprovaram indicativo de greve para o dia 21.
A paralisação dos bancários da Bahia foi grande em Salvador, principalmente nos bancos públicos (BB, BNB e CEF), onde a greve foi quase total. Nos bancos privados, o movimento grevista parou as unidades do Comércio, entre as avenidas Sete e Iguatemi. A Polícia Militar, chamada pelos bancos, reprimiu os grevistas com violência. O mesmo ocorreu em Belém, no Pará, onde a truculência da polícia feriu sindicalistas e bancários. Na base do Sindicato, a greve também se estendeu em Amapá.
Em Itabuna, interior da Bahia, o sindicato avalia que 85% dos bancários tenham aderido ao movimento. Os trabalhadores baianos também fizeram greve em Eunápolis, Irecê, Itabuna e Ilhéus.
No Nordeste, além da Bahia, outras cinco capitais aderiram à greve. Em São Luiz, o movimento foi maior no BB e na CEF, atingindo ainda o interior, como Imperatriz, com paralisação no BB, CEF e BNB. Houve paralisações também na região metropolitana de João Pessoa, Fortaleza e Natal.
Em Pernambuco, os principais corredores bancários do Recife não abriram as portas para o atendimento ao público na sexta-feira. Houve paralisação na Conde da Boa Vista, bairros de Santo Antônio, São José e Recife Antigo; Agamenon Magalhães, Caxangá, Encruzilhada, Espinheiro, avenida Norte, Casa Amarela, Afogados, Imbiribeira e Boa Viagem. Nas demais cidades da Região Metropolitana, a paralisação está consolidada em Olinda, Camaragibe, Paulista, Abreu e Lima, Igarassu e Cabo de Santo Agostinho. No interior pernambucano, o movimento atingiu a Mata Sul, Agreste e Sertão.
Os bancários de Cuiabá haviam agendado a greve para o dia 21, mas anteciparam e na sexta as agências do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Itaú da avenida do CPA, ficaram fechadas. No Mato Grosso do Sul também houve greve na capital Campo Grande.
No Acre, cinco agências do Banco do Brasil fecharam as portas em todo Estado, além de um posto de auto-atendimento. Também pararam agências da Caixa, Basa e Itaú.
fonte: Fábio Jammal Makhoul – CNB/CUT