Em evento no QI, Santander faz “convite” à precarização
O Santander realizou, nesta terça-feira 31, evento direcionado aos trabalhadores do Quarteirão de Investimentos (QI), para apresentar um “novo modelo de atendimento” e convidar os bancários a aderirem. Segundo o banco, neste novo modelo cada carteira será de 100 clientes e não haverá meta, “pois a meta será a ambição de cada um”. Ainda de acordo com o banco, nesse modelo o trabalhador será “sócio” da empresa.
Segundo o dirigente da Afubesp e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, André Camorozano, o banco não deixou claro nem como seria a remuneração dos trabalhadores que aderissem a esse novo modelo, nem o que aconteceria se eles não aceitassem o convite. “Não está havendo transparência nesse processo, orientamos os trabalhadores a terem cautela. Para nós, isso mais parece terceirização ou pejotização.”
André acrescenta que a falta de transparência começa, inclusive, quando o Santander impede os dirigentes sindicais de entrarem no QI. “O banco não respeita o direito dos trabalhadores de terem acesso a seus representantes no local de trabalho, e assim age de forma antissindical. Para nós, quando a empresa impede a entrada do sindicato é porque está escondendo algo. Portanto, é preciso que os funcionários fiquem muito atentos com esse ‘novo modelo’ que mais parece um convite à terceirização”, reforça.
Terceirizados trabalham mais e ganham menos
O dirigente lembra que a reforma trabalhista de 2017, entre outros ataques, abriu brechas para a terceirização irrestrita. “E o Santander está adotando cada vez mais essa forma de contratação fraudulenta e precária. Já fez isso com os bancários da área de tecnologia, que passaram a ser funcionários da F1RST, e está fazendo isso no Radar.”
Ele destaca que só se pode combater isso com mobilização: “É preciso que os bancários e bancárias do Santander se aproximem mais ainda do Sindicato, sindicalizem-se caso ainda não sejam sócios e se unam à luta contra a terceirização, que é a precarização dos empregos.”
Terceirizar é precarizar porque, apesar de realizarem as mesmas funções dos bancários, os terceirizados têm jornadas maiores e salários e outras verbas, como VA e VR, menores. Terceirizados também não usufruem dos direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria bancária, entre elas PLR, licenças maternidade e paternidade ampliadas, abono assiduidade, entre outras.
Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região