Dia do bancário: ter representação se revela mais importante do que nunca
Dia 28 de agosto é o dia do bancário, profissão que muito pouco se assemelha ao que já foi no passado. As transformações são profundas e foram intensificadas a partir de 2012 quando as instituições financeiras iniciaram a implementação de reestruturação produtiva baseada nas tecnologias. A chamada 4ª revolução industrial trouxe a consolidação dos canais digitais nas transações financeiras, automação de processos internos, utilização de inteligência artificial, por exemplo.
O que vinha ocorrendo de forma gradual acabou sendo acelerado com a pandemia de covid-19, que obrigou a implementação de novas formas de trabalho, como o home office, e agora o debate sobre o modelo híbrido (ora em casa, ora no escritório).
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Junto com tudo isso, o fechamento de unidades e a redução dos postos de trabalho. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), pela primeira vez desde 2012, o Santander possui menos de 45 mil empregados (naquele ano eram mais de 55 mil), em um contexto de aumento da carteira de clientes, sob mais pressão pelo cumprimento de metas abusivas para obtenção de lucros cada vez maiores.
Sem contar as frequentes tentativas de mexer na jornada da categoria. A mais recente foi a aprovação pela Câmara dos Deputados no dia 10 de agosto, por 304 votos a 133, a Medida Provisória (MP) nº 1045, que aprofunda a reforma Trabalhista e reduz a proteção aos trabalhadores. A emenda 40 inserida no projeto é um dos ‘jabutis’, que ataca a jornada de seis horas dos bancários e reduz o adicional das horas extras.
Com isso a categoria fica sujeita a ter a jornada estendida para 8 horas mediante acordo individual ou acordo coletivo, reduzindo para 20% o adicional pelas horas extras que passam a compor a jornada normal de trabalho (sétima e oitava horas). Hoje, a legislação determina que a hora extra seja paga com adicional de 50% (segunda a sábado) e 100% (domingos ou feriados).
O produto final desta somatória é uma epidemia de adoecimentos relacionados ao trabalho enquanto os bancos seguem lucrando como sempre.
Para Maria Rosani, dirigente da Afubesp e do Sindicato dos Bancários de São Paulo, é fundamental que os trabalhadores estejam engajados com as entidades que os representam. “Juntos vamos continuar lutando pela manutenção dos acordos coletivos que são tão valiosos, neste momento de ataques diários por parte do governo que privilegia os banqueiros em detrimento dos bancários que produzem estes lucros escorchantes e recebem como prêmio o assédio, a pressão por metas abusivas, ameaças constantes de demissão, precarização dos direitos e adoecimento”.