Setembro amarelo: fique atento aos sinais
Setembro Amarelo é uma ação que joga luz para um assunto importante e triste: suicídio. O objetivo deste movimento, criado em 2015, é promover debates no sentido de prevenir e combater o ato de tirar a própria vida. Este ano, em especial, com a pandemia de Covid-19, falar sobre este assunto é fundamental, pois a saúde mental das pessoas foi posta a prova seja por conta das fake news sobre o assunto, seja por medo de contrair a doença, seja pelo isolamento social.
Números confirmam: na plataforma de serviços GetNinjas, a busca por psicólogos no Brasil aumentou 429% em agosto, em comparação com o mesmo período do ano passado. Em julho, o aumento era de 340%.
Segundo a psicóloga Mônica Rosa, pensar em morrer para sair de uma situação dolorosa, é muito mais comum do que se imagina. Estima-se que, pelo menos, 17% da população já pensou nisso, em algum momento. “Felizmente, a maioria encontra uma alternativa para solucionar seus problemas, o que ocorre, na maioria das vezes, com a ajuda de alguém. Quem? Alguém que escutou essa pessoa efetivamente, com atenção e lhe ofereceu uma alternativa, uma ideia, palavras de bom ânimo ou mesmo a ajudou a transpor os problemas que lhe pareciam intransponíveis”, comenta a profissional.
Ela conta que são crescentes os quadros de depressão e ansiedade por conta da falta de uma conversa olho no olho, de um abraço, por exemplo. Isso pode ser campo perigoso para que uma ideia suicida se desenvolva e, em alguns casos, se concretize.
“Vários motivos podem levar alguém a querer acabar com sua vida. Normalmente, ela está querendo aliviar pressões externas e internas: cobranças sociais, culpa, remorso, medo, fracasso, humilhação, etc”, enumera Mônica. “Sobrecarregada, não se considera potente para resolver os problemas e sua auto estima despenca, contribuindo para com o desejo de acabar com tudo de uma vez.”
De acordo com estudos, no início a pessoa buscará a atenção dos outros, por se sentir esquecida ou ignorada, com sensação de estar só, numa solidão insuportável. Algumas desejam que os outros sintam o mesmo que ela, outras sentem vontade de desaparecer, fugir ou ir para algum lugar ou situação melhor. “Quase sempre, sentem uma necessidade de alcançar paz, descanso ou um final imediato aos tormentos que não terminam”, comenta.
Fique atento aos sinais
– quando a pessoa demonstra algum comportamento diferente e/ou começa a falar coisas que geralmente não falava, por pelo menos duas semanas. Muitas vezes achamos que se trata de chantagem emocional e não damos atenção.
– se a pessoa começar a se preocupar e comentar sobre morte e suicídio e se achar sem esperança, sem futuro, ou que se sente culpada, baixo autoestima. Observe palavras ditas, escritas ou desenhos.
– se a pessoa começa a se isolar de familiares, amigos e redes sociais. Deixa de ir ou fazer coisas que geralmente gostava de fazer. Tende a ficar fechada em seu quarto.
– se começa a usar frases com intenções suicidas:
“Vou desaparecer”
“Vou deixar vocês em paz.”
“Eu queria poder dormir e nunca mais acordar.”
“É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar.”
– outros fatores a serem levados em consideração: exposição a agrotóxicos, perda de emprego, crises políticas e econômicas, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, agressões psicológicas e/ou físicas, sofrimento no trabalho, diminuição ou ausência de autocuidado, conflitos familiares, perda de um ente querido, doenças crônicas, dolorosas e/ou incapacitantes, entre outros.
Como ajudar?
Segundo a cartilha da FioCruz e CVC, é preciso perder o medo de se aproximar das pessoas e oferecer ajuda. Lembre-se que a pessoa que está numa crise suicida se percebe sozinha e isolada.
“Se um amigo se aproximar e perguntar se tem algo que possa fazer para ajudar, a pessoa pode sentir abertura para desabafar. Nessa hora, ter alguém para ouvi-la pode fazer toda a diferença. E qualquer um pode ser esse ‘ombro amigo’, que ouve sem fazer críticas ou dar conselhos. Quem decide ajudar não deve se preocupar com o que vai falar. O importante é estar preparado para ouvir”, conclui Mônica.
A Afubesp possui parceria com a Clínica Luminare, psicologia e psicanálise, para atendimentos online. Se precisar de ajuda, ligue (11) 96922-1384.
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