Santander extermina agências pioneiras em cidades do interior

A chamada “fusão” de agências usada como argumento pelo Santander na redução de unidades físicas traz inúmeras dificuldades – não só pela carga enorme de trabalho que resta aos funcionários, mas aos clientes que custam a encontrar uma agência de seu banco nas redondezas já há alguns anos. O tal fenômeno faz desaparecer até mesmo agências históricas, por vezes em ponto herdado do Banespa e de outros bancos adquiridos depois, como o Real e Meridional.
Toda cidade, principalmente as do interior, tem sua agência de referência em seus centros. Em São José do Rio Preto, a unidade matriz que toma quase um quarteirão está com os dias contados. O dirigente da casa, José Aparecido da Silva, o Chocolate, aponta que com o destino do prédio, todos os clientes serão redirecionados para outras agências, a da Avenida Alberto Andaló – e provavelmente também na Avenida Bady Bassitt e na Avenida Potirendaba.
Chocolate repudia o absurdo das ações do Santander e a falta de respeito do banco com os clientes que vieram do Banespa. Afirma, ainda, que é preciso uma orientação mínima na hora de transferir os clientes. “Comunicar para onde a conta de cada um será remanejada também é essencial. O Santander primeiro fecha e transfere a agência e depois comunica”, frisa.
A “reestruturação” de agências no país tem declaradamente como pano de fundo a transição do atendimento presencial para o digital por meio de plataformas. Com o quadro de funcionários enxuto, apenas um gerente geral por agência, não há mais espaço para demissões ou terceirizações fraudulentas que só fazem precarizar o trabalho bancário. Este é, inclusive, um ponto importante em negociação do Acordo Aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho do Santander.
Maria Rosani, presidenta da Afubesp, denuncia que há casos em que o banco espanhol encerra atividades das agências pioneiras em cidades pequenas e redireciona os clientes para cidades próximas. “Como concessão pública, o Santander deveria é melhorar a qualidade do atendimento e das condições de trabalho, na mesma proporção. É justo fazer isso com o povo brasileiro, quando tanto se lucra por aqui? Enquanto isso, as tarifas só aumentam e reduzem a atratividade para a população”, completa.
Letícia Cruz – Afubesp