Reforma da Previdência a ser votada no Senado hoje prejudica o trabalhador
Imagine que você entrou no mercado de trabalho aos 16 anos com carteira assinada e no mesmo emprego permanece até hoje, quase 31 anos depois. Todas essas décadas contribuindo religiosamente com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). É natural, agora com 46 anos, começar a planejar a aposentadoria mesmo que não se queira parar de trabalhar. Afinal, pelas regras atuais é preciso cumprir mais 4 anos para alcançar o direito ao benefício.
Eis que uma proposta, disfarçada de Reforma da Previdência, ameaça o que você construiu até aqui. Se for aprovada, além de mais que triplicar o tempo para chegar à aposentadoria, você ainda vai receber apenas 60% do que hoje recebe de salário. É para ser contra, ou não?
Toda essa narrativa não é hipotética. É a vida real de Roberto Lima, responsável pelo Setor de Processamento de Dados da Afubesp. Ele é funcionário da entidade desde 7 de dezembro de 1988 e nunca sentiu tanto receio pelo seu futuro e também pelo de outros colegas de empresa. “Uma consulta simples no site do INSS já me mostrou que, se a Reforma for aprovada, terei que trabalhar mais 19 anos para ganhar 40% menos. É um absurdo. Além do mais, da forma como as coisas vão no Brasil, ninguém tem certeza se vai ter emprego para os trabalhadores com mais de 60 anos”, comenta Lima.
Um detalhe importante: nenhuma das regras de transição propostas se encaixa no perfil do trabalhador. Quantas milhares de pessoas não estão na mesma situação? A Afubesp indica a todos que ainda estão na ativa ou têm filhos em idade semelhante ao do exemplo aqui apresentado a fazer cálculos para assim entender o quanto essa PEC é maléfica para o trabalhador.
Para isso, uma dica é usar um simulador idealizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), chamado de “Aposentômetro”, que permite ao usuário descobrir com qual idade se aposentará, caso seja aprovada a reforma da Previdência.
Em que pé está
A Reforma da Previdência já foi aprovada na Câmara dos deputados e agora está no Senado Federal. A votação do primeiro turno vai ocorrer nesta terça, dia 1º de outubro. Para ser aprovada, precisa obter 49 votos dos 81 senadores nos dois turnos.
Algumas mudanças já foram feitas – pensão por morte não poderá ser inferior ao salário mínimo em nenhuma situação; regra de transição mais suave para trabalhadores que lidam com atividades perigosas à saúde; criada alíquota menor de contribuição para informais, por exemplo.
Mesmo assim, a PEC segue nociva para os trabalhadores e para o Brasil como um todo. Segundo o economista Eduardo Fagnani, autor do livro Previdência: o debate desonesto, a reforma vai aumentar a desigualdade social e de renda no país ao atingir grande massa de pessoas que recebem baixos salários ou aposentadorias.
É por tudo isso que a Afubesp conclama: pressione o seu senador a votar contra a Reforma da Previdência!
Foto: Junior Silva