Qualidade de Vida: Associados debatem o filme ‘Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos`
O que você faria se, cego, pudesse voltar a enxergar? Este é o drama de Vitório (Edson Celulari) exposto em ‘Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos`, filme do diretor Paulo Nascimento, debatido na tarde da última quarta-feira 26, na atividade do mês de outubro do Programa Qualidade de Vida da Afubesp.
Vitório vive com Clarice (Soledad Villamil) em completa harmonia trabalhando na pizzaria “Piccolo Mondo” (herdada do pai de Vitório) no bairro do Bixiga em São Paulo. Ele, descendente de italianos, cego de nascença, desenvolveu uma incrível habilidade de “se virar” e ser independente. Ficou famoso por conhecer as massas das pizzas “por dentro”, fazendo a melhor pizza do bairro.
Já Clarice, sua esposa, vem de uma família rica, de origem judaica, de Higienópolis. Este casamento insólito aconteceu quando se conheceram em uma festa de “Nossa Senhora Achiropita” há mais de vinte anos. Ela teve que abrir mão do conforto que a família lhe oferecia e hoje, além de trabalhar na pizzaria, complementa o orçamento dando aula em duas escolas.
Completam o cenário, Alicia, a filha que só pensa em ir embora do Brasil e o garçom Cleomar, o melhor amigo e “os olhos” de Vitório. Permeando tudo isso, a paixão pelo Corinthians que move a vida de Vitório, justamente no ano em que o time vai participar da sua primeira final no mundial de clubes. Neste universo simples, a vida segue seu curso normal e feliz até que é descoberto que Vitório pode enxergar. A partir daí, um novo mundo, uma nova decisão, uma mudança.
De acordo com o dirigente da Afubesp, Isaías Dias, membro do Coletivo dos Trabalhadores e Trabalhadoras com Deficiência da CUT-SP, a atividade do Qualidade de Vida fez com que as pessoas refletissem sobre a autonomia da pessoa com deficiência. “A pessoa com deficiência pode trabalhar, estudar, ter seu próprio negócio, ter sua família. Além disso, mostrou que a pessoa com deficiência é incluída ou não de acordo com o que a sociedade oferece para ela, como a acessibilidade arquitetônica, cultural e atitudinal”, explica.
O dirigente ainda acrescenta que o filme discutiu a importância de se respeitar as decisões da pessoa com deficiência. “Mesmo que nossas famílias queiram alguma coisa que acham ou entendam que vai melhorar a nossa vida, muitas vezes não vai. Nós já temos uma vida que foi construída ao longo do tempo e satisfeitos com a forma como vivemos.”
Segundo a associada Rosemary Cioni, o reencontro com as colegas, o filme com pipoca e o debate valeram muito a pena. “O filme tem um tema que nos faz refletir bastante sobre como encarar nossos conceitos e preconceitos sobre as pessoas a nossa volta, principalmente as que têm algum tipo de deficiência e que a gente não compreende muito bem. A grande lição que fica é o respeito ao próximo da maneira como ele é e não da maneira que é considerado ‘normal'”
Pela primeira vez em uma atividade do programa, a associada Evelin Zoraide Sampaio adorou a experiência e a convivência com o grupo. “O filme salienta que as pessoas não podem se acomodar, que é preciso procurar o bem aproveitar as oportunidades que lhes são oferecidas”, completa.
Fotos: Junior Silva