Márcia Campos fala sobre atuação no Comitê de Investimentos do Banesprev
Em sua última gestão como membro do Comitê de Investimentos do Banesprev, Márcia Campos se orgulha de procurar sempre defender os interesses dos participantes do fundo – papel que todo membro escolhido pelos banespianos deveria cumprir. Eleita por três mandatos (em 2007/2009, 2011/2013 e 2014/2016, como suplente), a dirigente relembra em entrevista alguns momentos de seu percurso no banco e dentro do próprio Comitê, onde reconhecidamente se empenha para cumprir o ofício de destinar bem os recursos.
Dentro do Banespa, Márcia atuou no Departamento de Planejamento de 1989 a 2000 e chegou ao Banesprev logo após a privatização do banco, convidada para trabalhar na área de investimentos. Segundo relata, achou a nova empreitada interessante. Foi Analista e depois Gerente Financeira. “Pude utilizar minha experiência profissional e também aprender muito sobre previdência complementar, além de contribuir na luta pelos direitos dos participantes. Foi uma experiência muito rica”, conta ela, que é dona de longa trajetória de estudos na área de gestão de fundos de pensão e economia.
Mesmo com a aposentadoria em 2006, continuou participando das reuniões do colegiado – que ocorrem mensalmente. Desde então tem atuado no Comitê aprovando ou indicando os melhores investimentos para cada plano do fundo. E, principalmente, para reforçando o compromisso com os participantes ante situações onde os interesses da patrocinadora sobressaem e os membros indicados ou sem tradição de luta não se opõem. “Nestas situações nosso papel tem sido fundamental para denunciar e impedir (ou pelo menos tentar) que tais fatos aconteçam”, diz.
É categórica ao afirmar que o Comitê de Investimentos faz do Banesprev uma das entidades com melhor estrutura de governança. “Quem ganha com isso somos nós, participantes, que temos a possibilidade de conhecer melhor como são investidos nossos recursos e cuidar para garantir que seja feito da melhor forma”, frisa. Apesar de não ser uma instância deliberativa, todos os investimentos passam pelo crivo do Comitê.
Eterna vigilância
Ainda que seja complexo listar os pontos mais importantes numa retrospectiva vasta, Márcia destaca a conquista da perenidade do Banesprev, uma vez que a privatização garantia só 18 meses de existência. “Foi a luta dos banespianos, por meio da Afubesp e sindicatos, que conquistou a permanência da entidade”, pontuou. Da mesma forma, a permanência dos colegas na condição de autopatrocinado e também o serviço passado, luta esta que “perpassa” toda sua trajetória na entidade.
Já na esfera do Comitê, os maiores entraves têm origem na postura do Santander de enxergar os recursos do Banesprev como oportunidade de negócios. “O problema é que, às vezes, estes negócios só são lucrativos para eles”, lembra, reiterando o papel dos membros em garantir que os investimentos sejam feitos com menor risco e maior rentabilidade.
Para Márcia, o maior desafio é trazer para o Banesprev todos os planos de benefícios dos trabalhadores do Santander – em particular o SantanderPrevi (plano dos funcionários da ativa). No entanto, a questão não é de fácil debate. “O banco não aceita discutir o assunto, principalmente por conta da governança do Banesprev, onde a gestão é compartilhada com participantes eleitos”, diz. Quanto aos investimentos, o desafio principal é a tendência da queda das taxas de juros no longo prazo e o aumento da longevidade.
De acordo com ela, estes fatores fazem com que a tarefa de investir com segurança e rentabilidade seja cada vez mais difícil. No entanto, estas situações servem para que tenhamos cada vez mais estímulo para enfrentá-las com ousadia e conhecimento. Em uma mensagem aos colegas, Márcia ressalta que é importante cuidar – e acompanhar – o que é nosso. “Previdência é para sempre. Então, temos que cuidar do Banesprev por toda a vida!”.
Letícia Cruz, Afubesp