Maioria das assembleias aprova proposta e encerra greve
Campanha 2015 termina sem perdas graças à forte mobilização dos bancários de todo o Brasil, que dobrou os bancos e os proibiu de manter o reajuste abaixo da inflação
Seguindo orientação do Comando Nacional dos Bancários, a grande maioria das assembleias realizadas nesta segunda-feira (26) em todo o País aprovou a proposta da Fenaban, assim como os acordos específicos do Banco do Brasil e da Caixa, encerrando a greve de 21 dias. Em São Paulo, foram três assembleias lotadas (bancários dos bancos privados, Banco do Brasil e Caixa Federal aprovaram), com participação de cerca de 6 mil bancários.
A luta, grandiosa em todo o Brasil, conseguiu dobrar os banqueiros que queriam impor perdas aos bancários. “Eles passaram mais de 20 dias tentando forçar à categoria um reajuste abaixo da inflação. Conseguimos resistir numa luta valorosa que fez com que o índice dobrasse, saindo dos 5,5% da primeira proposta para 10%”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que negocia com a Fenaban.
Além dos 10% para reajustar salários, piso, PLR, os bancos aumentarão vales alimentação, refeição e a 13ª cesta em 14%.
Roberto von der Osten, presidente da Contraf-CUT e também coordenador do Comando Nacional, lembra que essa campanha aconteceu em um cenário político e econômico muito controverso. “Eles tentaram ainda um cala boca em forma de abono. O reajuste é uma conquista mais importante para a categoria, pois incide no piso e na PLR. Consideramos muito importante também a manutenção das nossas conquistas históricas”, comemorou. “Foi uma grande vitória, pois superamos a adversidade política, economia e a forte intransigência dos bancos”, completou.
> Confira quanto vem de antecipação da PLR
Levantamento feito pela Contraf-CUT até as 23h de segunda-feira (26) indica que a maioria das assembleias aprovou tanto a proposta dos bancos quanto os acordos específicos do BB e da Caixa.
Saúde – A Campanha 2015 também garantiu a assinatura de um termo de entendimento entre os seis maiores bancos e o movimento sindical bancário para tratar das condições de trabalho nos bancos, na gestão das instituições de modo a reduzir as causas de adoecimento. As comissões de empresa acompanharão para garantir a melhoria das condições de trabalho. “Como aconteceu com o instrumento de combate ao assédio moral, essa é uma importante conquista rumo às mudanças tão necessárias nas condições de trabalho nos bancos. Juntos, bancários e Sindicato vão trabalhar no sentido de fazer com que essa nova conquista altere a lógica perversa de gestão que provoca o adoecimento da categoria”, ressalta Juvandia.
Respeito com a luta – Como em todos os últimos anos, foi a luta dos bancários ao lado do Sindicato que garantiu que a categoria não tivesse perdas como queriam os bancos. Num ano em que a crise vem sendo utilizada pelo setor empresarial para reduzir ganhos dos trabalhadores, os bancos, apesar de lucrarem tanto, não agiram diferente. Fizeram uma proposta de 5,5% e continha um abono “cala-boca” que levaria os bancários a começar a campanha, em 2016, com perdas de 4%. Depois vieram os 7,5% e os 8,75%. Os bancários se mantiveram firmes e na sexta-feira 23 vieram os 10% que recompõe o poder de compra dos trabalhadores diante da inflação de 9,88%.
“Só conseguimos chegar a isso e sem desconto dos dias parados graças à união e organização da categoria em todo o país. Cada bancário que fez a luta sabe a importância que teve sua participação”, reforça a presidenta do Sindicato, lembrando que os bancos apelaram de todas as formas com pressão e contingenciamento que foram vencidos pelo Sindicato, inclusive na Justiça, como foi o caso do Itaú. “Não adianta tentar burlar a greve, campanha se resolve com proposta”, destacou o dirigente.
“Unidos somos mais fortes. Nossa garra, a confiança de vocês no Sindicato e a participação de cada um, dobrou os bancos e as mentiras que sempre circulam durante a campanha, com a tentativa de enfraquecer a mobilização dos trabalhadores. Não recebemos tudo que merecemos, mas conseguimos acabar com as más intenções dos bancos, de pagar menos que a inflação aos seus empregados. E nossa luta continua, diariamente, na defesa dos direitos e dos empregos, em todos os locais de trabalho”, completa.
Quem luta, conquista – Com os resultados da Campanha 2015, em 12 anos a categoria vai acumular 20,83% de ganho real nos salários, 42,3% nos pisos e 26,30% nos vales. Além disso, estão mantidas conquistas importantes, como o vale-cultura, o abono-assiduidade, a licença-maternidade ampliada, a igualdade de direitos para casais homoafetivos.
Lista das bases que aprovaram o fim da greve:
FETEC SP
ABC
Araraquara
Assis
Barretos
Bragança Paulista
Catanduva
Guarulhos
Jundiaí
Limeira
Mogi das Cruzes
Taubaté
Vale do Ribeira
São Paulo
Presidente Prudente
FETEC-CN
Acre
Amapá
Dourados
Pará
Rondônia
Rondonópolis
Campo Grande
FETRAFI-NE
Alagoas
Ceará
Paraíba
Piauí
FETRAFI -MG
Belo Horizonte
Divinópolis
Teófilo otoni
Fetec-PR
Apucarana
Arapoti
Campo Mourão
Cornélio Procópio
Curitiba
Guarapuava
Londrina
Paranavaí
Toledo
Umuarama
FETRAFI RJ-ES
Angra dos Reis
Campos dos Goytacazes
Macaé
Niterói
Nova Friburgo
Petrópolis
Rio de Janeiro
Sul Fluminense
Teresópolis
Três Rios
Baixada Fluminense
Itaperuna
FETRAFI RS
Alegrete
Bagé
Bento Gonçalves
Camaquã
Carazinho
Caxias do Sul
Cruz Alta
Frederico Westphalen
Guaporé
Horizontina
Lajeado
Litoral Norte
Nova Prata
Novo Hamburgo
Passo Fundo
Pelotas
Porto Alegre
Rio Grande
Rosario do Sul
Santa Rosa
Santana do Livramento
Santiago
Santo Angelo
São Borja
São Gabriel
São Leopoldo
São Luiz Gonzaga
Soledade
Vacaria
Valo do Paranhana
Fetec SC
Criciúma
Florianópolis
Joaçaba
Videira
FILIAÇÃO DIRETA
Campinas
Naviraí
Piracicaba
FEDERAÇÃO BA/ SE
Feira de Santana
Sergipe
Proposta da Fenaban 2015
– Reajuste: 10%.
– Pisos: Reajuste de 10%.
– Piso de portaria após 90 dias: R$ 1.377,62
– Piso de escriturário após 90 dias: R$ 1.976,10
– Piso de caixa após 90 dias: R$ 2.669,45 (que inclui R$ 470,75 de gratificação de caixa e R$ 222,60 de outras verbas de caixa).
– PLR regra básica: 90% do salário mais valor fixo de R$ 2.021,79, limitado a R$10.845,92. Se o total apurado ficar abaixo de 5% do lucro líquido, será utilizado multiplicador até atingir esse percentual ou 2,2 salários (o que ocorrer primeiro), limitado a R$ 23.861,00.
– PLR parcela adicional: 2,2% do lucro líquido distribuídos linearmente, limitado a R$ 4.043,58.
– Antecipação da PLR até 10 dias após assinatura da Convenção Coletiva: na regra básica, 54 % do salário mais fixo de R$ 1.213,07 limitado a R$ 6.507,55. Da parcela adicional, 2,2 % do lucro líquido do primeiro semestre, limitado a R$2.021,79. O pagamento do restante será feito até 01 de março de 2016.
– Auxílio-refeição: de R$ 26 para R$29,64 por dia.
– Cesta-alimentação: de R$ 431,16 para R$ 491,52
– 13ª cesta-alimentação: de R$431,16 para R$491,52
– Auxílio-creche/babá: de R$ 358,82 para R$ 394,70 (para filhos até 71 meses). E de R$ 306,96 para R$ 337,66 (para filhos até 83 meses).
-Requalificação profissional: de R$ 1.227,00 para R$1.349,70
Afubesp com informações da Contraf-CUT e Seeb SP