Incêndios florestais, seca e fuligem no ar: cuide-se para evitar e amenizar doenças
Cansaço, tosse, garganta seca, insônia. As consequências das queimadas em biomas como o Pantanal e Amazônia, em plena seca histórica no país, são implacáveis também no organismo humano. A umidade do ar em algumas partes do Brasil atinge os níveis de áreas de deserto, como o Saara, entre 10% e 20%. O ideal é, ao menos 50%.
A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisologia (SBPT) divulgou nota técnica em que orienta sobre os efeitos da exposição à fumaça na saúde da população e como minimizá-los. “Alguns grupos populacionais são mais suscetíveis como crianças, idosos, gestantes, pessoas que trabalham ao ar livre e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas crônicas, devendo essas ter atenção redobrada”, informa.
As doenças respiratórias são exacerbadas pela inalação de compostos, incluindo material particulado, dióxido de carbono, vapor de água, monóxido de carbono, hidrocarbonetos, compostos orgânicos voláteis, óxidos de nitrogênio e metais. Tais partículas chegam a ter tamanho menor que 2,5 µm de diâmetro, acessando facilmente as vias aéreas.
Limitar a exposição ao ar livre em casos assim é a solução mais imediata, mantendo-se em casa. Se não for possível, é recomendado o uso de máscaras PFF2, que filtrem as partículas. Esportes realizados fora devem ser evitados em situações assim.
A hidratação é parte fundamental para enfrentar a secura. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que se deve beber 35 ml de água para cada quilo de peso. Por exemplo, uma pessoa de 60 kg deve beber 2,1 litros por dia, enquanto uma pessoa de 100 kg deve beber 3,5 litros. Na hipótese de fadiga ou falta de ar leve, faça inalação com soro fisiológico. Compressas de água boricada são aliadas contra os olhos secos.
O cenário ambiental é preocupante: segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), desde meados de agosto a fumaça se estende por 5 milhões de quilômetros quadrados, quase 60% do território nacional. A fuligem dos incêndios suspensos no ar são empurrados pelos ventos e rios voadores que viajam da área da Amazônia até o centro-oeste, sul e sudeste. Com isso, ainda não há expectativa de o céu acinzentado desaparecer por enquanto.
Letícia Cruz – Afubesp