Força sem limites: ‘Dona Rau’ inspira a todos com seu otimismo e afeto
Uma das funcionárias mais antigas da Afubesp, Raulina inspira a todos com seu otimismo e afeto frente às dificuldades da vida
Funcionários, dirigentes ou sócios da Afubesp que encontram uma senhora sempre sorridente pelos corredores, perguntando a todos como está o dia ou se um café ou chá vai bem para aquecer o humor, nem imaginam a figura potente que essa personagem é e foi durante toda a sua vida. Raulina Pereira dos Santos, carinhosamente chamada de “Dona Rau”, não é somente uma “mãe” aos que convive. Um olhar mais apurado revela uma mescla de sonho e a batalha do dia após dia que milhares de mulheres são levadas a amoldar-se nas etapas da vida. Toda mulher tem em si um tanto de luta e de história pra contar.
Filha de indígena e nascida há 75 anos na cidade de Januária, na região do Médio São Francisco, em Minas Gerais, viveu sua infância na roça. Sua cidade natal é conhecida até hoje por suas influências portuguesas, negras e indígenas. Apenas aos 12 anos de idade, foi para a capital Belo Horizonte para trabalhar em “casa de família”, como era chamado o trabalho doméstico naquela época. E, apesar da pouca idade, não desistiu de um sonho de criança: a de se tornar Miss Januária – e assim, o fez em sua adolescência. Mulher preta, comunicativa e sem medo de fazer acontecer, seu desejo era chegar a ser Miss Brasil.
Logo conheceu o homem que viria a se tornar seu esposo. Com ele, teve três filhos: Leandro, Liliane e Romário – este último nascido com Síndrome de Down. Mudaram-se para a cidade de Cerquilho, interior paulista, mas os desafios do convívio do dia a dia se impuseram rapidamente e o casamento terminou. Raulina, nunca sozinha na presença dos adorados filhos, tampouco desanimou ou se viu desamparada sendo arrimo de sua família.
Mais uma vez, não titubeou em arrumar as malas e recomeçar num novo lugar onde sua família pudesse ter chances de evoluir. Morando na zona leste da capital paulista, começou a trabalhar no antigo hipermercado do Banespa, conhecido como Cooperativa do Banespa (Banescooper). Lá, trabalhou muitos anos até seu fechamento.
E assim começou a história de Dona Rau junto à Afubesp: em setembro de 1994. Todos os dias, desde sua admissão, chega cedo e toma conta da copa/cozinha onde comanda com um certo apego, como relata a sua filha Liliane – quem conta a história de sua mãe com orgulho de só quem foi testemunha ocular pode fazer por direito. “Lili”, também funcionária da Afubesp, atesta o cuidado e carinho que sua mãe trata a todos, seja no trabalho ou em casa. Romário, caçula de Rau, depende de seus cuidados de segunda à sexta para ir à escola e apanhá-lo para casa. No final da maratona diária, cuida das coisas do filho e apronta o serviço doméstico para o jantar e dia seguinte.
Aos fins de semanas, vive em função do filho e com os cuidados médicos. “Dona Rau é sinônimo de dedicação e, além disso, representa milhões de mulheres todos os dias”, celebra Liliane.
Letícia Cruz – Afubesp
Fotos: Junior Silva e Arquivo Pessoal
(Matéria publicada originalmente na edição 149 do Jornal Afubesp)