Eduardo Rondino: O presidente da retomada

Difícil é encontrar alguém que tenha trabalhado no Banespa, vivido os sete anos de resistência contra a privatização e não conheça um nome: Eduardo Rondino. Não é fácil esquecer ou ignorar a figura de mais de 1,90m, usada sempre para defender os banespianos no passado.
Filho de João e Teresinha, Eduardo Guerino Rondino nasceu em 27 de março de 1960 em um bairro próximo à Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Com o passar dos anos, veio para São Paulo e abraçou a Brasilândia (zona norte da capital), como lar – embora seja difícil dizer se sua verdadeira casa era o Banespa ou a Afubesp. Rondino chegava a passar as noites na sede da associação nos dias mais turbulentos, como lembra a presidenta Maria Rosani. “Só pessoas muito comprometidas com uma causa dedicam tal energia para isso”, reforça.
Paulo Salvador, ex-presidente da Afubesp, convive com Rondino desde 1991, e atesta: “Toda vez que ele surge nos atos, pode contar que vem ali um furacão. O grandalhão espalha animação, carinho e solidariedade”, recorda. Sambista e orgulhoso de ser periférico, o ex-presidente puxava até mesmo músicas como o Ilariê, da Xuxa, para animar os colegas nos protestos nos anos de resistência. É a turma do Rondino que vai dando o seu alô!
Sócio da Afubesp desde 1985, foi eleito presidente na chapa de oposição bem no momento em que se começou a desenhar o cenário da entrega do Banespa na Assembleia Legislativa. “Colocou terno, enfiou a Constituição no bolso do paletó para que todos pudessem ver, e foi à luta.
Desafiou ainda parlamentares e o governador de São Paulo Mário Covas a realizarem um plebiscito para que a população decidisse sobre a privatização”, lembra Salvador. Era figura carimbada em entrevistas de TV. Com a federalização do banco, as mobilizações aumentaram na união com os sindicatos e parlamentares.
Todos os dias montavam-se os inesquecíveis circos, shows e piquetes aos pés do Banespão com panfletagens para conscientizar a população e unir os bancários. Em Brasília, percorria os corredores junto dos colegas pressionando os senadores a rejeitarem a proposta de privatização. Muitas vezes foi impedido de discursar.
Porém, em certa ocasião seu jeito imponente arrancou muitos minutos aplaudidos de fala, com direito ao hino nacional para arrematar. “Rondino é síntese indelével de nossa luta contra a privatização entreguista e imoral do nosso Banespa. Tive a honra de integrar essa jornada, ao lado dele e de outros bravos lutadores, nos momentos mais difíceis daquela épica jornada de seis longos anos de resistência.
Para mim, foi o símbolo e a liderança maior naquele processo. Viva Rondino!”, resume o coordenador da CNAB, Herbert Moniz. Aposentou-se e buscou uma vida mais leve procurando as ondas do litoral – mas nunca se ausentou da luta, à sua maneira. Esteve recentemente no ato que marcou os 23 anos da privatização e em defesa das aposentadorias e segue acompanhando as notícias e engajando-se nas lutas sociais.
Esse companheiro aguerrido cheio de superlativos está em superação de uma enfermidade que veio sem ser convidada. “Estamos todos na torcida pela breve recuperação desse incansável”, deseja Rosani, assim como a família Afubesp/CNAB. Como diz a canção: “Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima!”.
Letícia Cruz – Afubesp
Publicado originalmente na edição 75 do Jornal Dignidade