Ato no Banespão: união e luta por respeito às aposentadorias
A manhã de 21 de novembro foi marcada pela tomada da rua João Brícola, bem em frente ao prédio do Banespa (ícone de São Paulo e dos banespianos), por aposentados que vieram de mais de 40 cidades e diversas partes da capital para mostrar ao Santander que não aceitam retirada de direitos e estão ativos na luta.
Realizado 23 anos após a privatização, o ato foi simbólico e muito representativo. Contou com a presença de lideranças, representantes das associações, de entidades sindicais (sindicatos, Fetec, Feeb-SP/MS, Contraf, Contec) e de pessoas que travaram as batalhas contra a venda do banco.
Em cerca de 1h30, ecoaram vozes de correntes políticas diversas, todos em um só tom: Não serão aceitas a retirada de patrocínio e a transferência de gestão do Banesprev.
Conduzidos pelo secretário-geral da Afubesp, Mario Raia, um a um dos convidados subiram ao pequeno palco – onde se lia “Santander não mexa em nossas aposentadorias” – para compartilhar informações, fazer denúncias, relembrar históricos. Em tempos de ameaças de privatizações, a secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Lucimara Malaquias, usou o Banespa como exemplo de que a venda de empresas públicas só traz prejuízos para os trabalhadores e para a população.
A presidenta da Afubesp comentou a luta incessante nos últimos 23 anos para a manutenção dos direitos dos banespianos e agora essa nova etapa quando o banco se volta contra quem tanto se doou. “O Santander resolveu atacar os seus aposentados, aumentando assim o seu pacote de maldades, querendo acabar com os nossos direitos da complementação da aposentadoria vitalícia, que trabalhamos a vida inteira para conquistar. Não aceitaremos!”
Representando a Afabesp, Eros Almeida, frisou a importância da participação das Afabans no ato, muitos vindos de longe. “Quero agradecer a todos que saíram das suas casas e vieram aqui demonstrar que estamos insatisfeitos e mais ainda, que estamos dispostos a lutar pela nossa dignidade, pela nossa tranquilidade, pela nossa família, lutar pelo nosso legado, porque nós não chegamos aqui por acaso”.
A Abesprev também marcou presença por meio de seu presidente Marco Aurélio Pinto, que falou sobre as ações judiciais que fizeram a diferença para paralisar os pedidos do Santander na Previc, especialmente a que trata do estatuto do Banesprev. “Nós temos uma sentença praticamente transitada e julgada em todas as instâncias, que afasta de vez aquela alteração estatutária do Banesprev, que excluiu a Assembleia dos participantes do poder de gestão.”
O incansável Oliver Simioni, integrante da CNAB (Comissão Nacional dos Aposentados do Banespa), também fez uso da palavra traçando um histórico do direito à complementação de aposentadoria a partir de 1951, lembrou a questão do serviço passado não pago para o Plano II e a apropriação dos títulos públicos federais, reservados pelo Resolução 118/97 do Senado Federal para pagamento das complementações do pessoal pré-75. “O Santander quer fazer com os aposentados, o que ele já faz aí dentro das próprias dependências dele, é uma verdadeira máquina de moer carne humana. E nós não vamos permitir!”
Representando os eleitos do Banesprev e da Cabesp, Walter Oliveira, comentou a estratégia usada pelo banco ao mudar a marcação de títulos e depois a criação de um novo plano de Contribuição Definida, que foi um fracasso, para então apresentar os pedidos na Previc. “Eles acharam que a retirada do patrocínio seria rápida e tá tudo parado. Tá tudo parado administrativamente, enquanto tiver parado administrativamente, deixar bem claro, nós não temos que entrar com nenhuma ação de retirada de patrocínio”, comentou o dirigente que explica: ” A Previc segue uma tese: se tem uma ação judicial dizendo contra, eu não posso fazer mais nada. Então imagine se a gente tivesse entrado com ação antes e tivesse uma liminar negativa contra nós? Tem um momento certo para entrar com ação judicial. O judiciário é a última porta que tem que ser aberta, não a primeira.”
A última a usar o espaço foi a diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Vera Marchioni: “O Santander está pedindo a retirada do patrocínio, dizendo que quer reduzir risco. Nós nunca fomos um risco para o Santander. Desde a compra do banco até hoje o Banco Santander lucrou 220 bilhões em dinheiro atualizado. Nós nunca fomos um risco. Eles não fazem isso na Espanha, jamais fariam isso com o fundo de pensão dos trabalhadores espanhóis. Então nós queremos respeito e nós estaremos unidos.”
Também contribuíram com o ato Wanessa Queiroz, coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) Santander/ Contraf, Ana Lúcia Ramos Pinto, secretária-geral da Fetec-SP, e Ana Stela, dirigente da Feeb-SP/MS.
Afubesp em peso
O ato sugerido por um grupo de banespianos nas redes sociais foi amplamente apoiado pela Afubesp. Funcionários e dirigentes participaram em peso da manifestação, que contou inclusive com a presença de três ex-presidentes da associação que este ano completou 40 anos.
Eduardo Rondino, Cido Sério e Paulo Salvador, que tanto fizeram na luta contra e pós-privatização, se juntaram à atual presidenta, Maria Rosani, para dizer ao Santander que a união e luta são palavras de ordem permanentes na Afubesp.
Érika Soares
Fotos: Junior Silva