Alma de artista: “Me aposentei e nunca parei de trabalhar. Arte é minha paixão e vida”, diz ex-banespiana
Quando escutamos o dito popular “trabalhe com o que ama e nunca trabalhará na vida”, sabemos bem que a realidade é diferente. Há necessidades e urgências que nossas inspirações maiores não podem muitas vezes arcar, e com isso deixamos sonhos e aspirações para trás. A personagem retratada aqui teve perseverança no seu talento e nunca deixou escapar tal faísca durante sua carreira. “Você faz bem o que ama. Quando a aposentadoria chegar, descubra aquilo que faz o seu sangue ferver”, diz a artista, associada da Afubesp e ex-banespiana, Rosane Viegas. “Optar por esse caminho rejuvenesce, dá sentido de realização e também traz alegria de viver”, aconselha logo de primeira. Hoje, ela tem obras expostas na Europa e um currículo artístico extenso.
Nascida em Belo Horizonte, Rosane, de 68 anos, tem formação em Engenharia Civil. Trabalhou a maior parte de sua carreira na área de sistemas, aposentando-se como analista. No entanto, segundo ela, o chamado das artes sempre foi fiel companheiro na sua jornada. Primeiro, como pintora, deixou fluir sua alma por meio dos pincéis como autodidata. Tempo depois, desafiou-se a aprender a esculpir figuras humanas com Israel Kislansky. Seu interesse mais recente é a produção de gravuras na técnica de xilogravuras, com matriz em madeira, papel, terracota e metal (confira a galeria de imagens). Salta aos olhos seu estilo de retratar imagens do cotidiano com uma estética distorcida.
As peças “Estremeça Fiesp”, “MASP”, “Estação da Luz em movimento” e “Sé em oração” em especial trazem elementos urbanos da cidade de São Paulo como se estivessem em transe, transformando o concreto, o reto e o cinza em figuras curvas, inquietando e dando sensação de contínua vertigem.
Um diagnóstico de artrose crônica no quadril não a impediu de esculpir uma peça de quase quatro metros de altura. A obra “Dream”, uma mulher que deixa um pássaro branco se libertar de sua mão, está em exposição pública em Lucca, na Piazza San Francesco, Itália. A peça foi criada com papelão, experimento da artista que preza pela produção sustentável na arte. Até mesmo embalagem de caixa de suco Tetra Pak já foi matriz para suas criações.
Na Casa Tamarindo, seu ateliê em São Paulo, se sente “como uma adolescente”. “Lá é onde desenvolvo meus projetos, dou aulas, workshops, faço eventos e exposições”, comenta Viegas.
Com sua história, a associada manda uma mensagem clara: é possível, sim, começar e recomeçar depois da aposentadoria – seja qual campo de interesse for. A comunidade banespiana é repleta de talentos nas mais variadas áreas, e neste mês em que comemoramos o Dia do Artista, a Afubesp deixa sua homenagem.
Explore o site oficial da colega Rosane clicando aqui.
Letícia Cruz – Afubesp
Produção – Gabriela Almeida