Trabalhadores cobram investigação sobre Propinoduto Tucano
Os mesmos que privatizaram o Banespa podem ser investigados por corrupção nos transportes. Categoria bancária também pressiona por CPI
Desde a denúncia feita pela revista Istoé no mês de julho, o esquema do suposto desvio de dinheiro das obras do Metrô e CPTM nos governos do PSDB – conhecido como “propinoduto tucano”, está em evidência. O desvio envolveria políticos do PSDB, a Alstom e a Siemens. Em São Paulo, protestos na última quarta-feira (14) cobraram investigação destes casos e rechaçaram o PSDB, há quase 20 anos no comando do estado. De acordo com as denúncias, os casos de corrupção ocorreram sem percalços durante os governos tucanos de Mario Covas, Geraldo Alckmin e José Serra, as mesmas figuras que entregaram o Banespa nas mãos do banco espanhol Santander, em 2000, e sempre mantiveram postura privatizadora.
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Entretanto, a população tem reagido e rechaçado os desmandos: bancários, integrantes de movimentos sociais e trabalhadores de várias categorias ocuparam a Assembleia Legislativa de São Paulo a fim de pressionar os deputados da base governista a assinarem o pedido de CPI de investigação do esquema que pode ter desviado até R$ 9 bilhões dos cofres públicos. Embora haja esforço de um grupo de parlamentares em priorizar o debate sobre a CPI do Metrô, existe resistência entre os deputados da base de Alckmin em levar o tema da investigação à pauta. Faltam quatro assinaturas para que a CPI seja instaurada, de um total de 32 assinaturas necessárias. A Comissão de Infraestrutura da Alesp irá convidar nomes envolvidos – como o secretário estadual de transportes Jurandir Fernandes – para falar sobre o caso.
Do lado de fora da Casa legislativa, a Tropa de Choque tentou barrar a entrada de manifestantes e pessoas foram feridas com tiros de bala de borracha. Ao mesmo tempo, nas ruas do centro de São Paulo, aproximadamente três mil pessoas participaram de protesto organizado pelo Movimento do Passe Livre contra a corrupção tucana e a máfia dos transportes. Um grupo entregou a representantes da secretaria estadual de Transportes uma carta pedindo fim das terceirizações e das privatizações no trem e metrô, a investigação das denúncias de corrupção e punição dos envolvidos. O levante, porém, destoa do silêncio e da blindagem da mídia a respeito das denúncias que afetam diretamente figuras políticas do PSDB.
De acordo com levantamento feito pela assessoria da bancada do PT na Alesp, com os R$ 9 bilhões que teriam sido desviados dos cofres públicos, poderiam ter sido construídos 20,3 km de trilhos para o metrô, equivalente a uma Linha Azul que transporta 1 milhão de passageiros nos dias úteis. Sem o esquema de corrupção, São Paulo poderia ter pelo menos 94,3 km de metrô e, consequentemente, aliviar a situação do cidadão que enfrenta problemas de superlotação todos os dias no transporte público.
Letícia Cruz – Afubesp, com informações do Seeb-SP
Fotos: Camila de Oliveira