Sindicalistas cobram fim das demissões no Santander
Os números do balanço do Santander do terceiro trimestre deste ano e de anos anteriores revelam que a situação da empresa no Brasil é bem distinta de outras partes do mundo. A unidade brasileira é responsável por 24% do lucro operacional do grupo, apurando 1,277 bilhão de euros apenas nos primeiros nove meses de 2013 e o lucro por bancário brasileiro é 1,95 maior que o apresentado pelo empregado espanhol.
Essas e outras argumentações foram apresentadas por dirigentes sindicais durante reunião com negociadores pelo Santander nesta sexta-feira (8) que tratou exclusivamente de emprego. Na ocasião, os representantes dos trabalhadores reivindicaram que o banco cesse as demissões e cobraram reunião com o presidente do Santander Brasil, Jesús Zabalza.
“Queremos que o presidente do banco firme compromisso de suspender o processo de demissão que, entre dezembro do ano passado e setembro deste ano, exterminou cerca de quatro mil postos de trabalho em nosso país. Com isso a situação nas agências, que já era difícil, está caótica. Os funcionários estão sobrecarregados e inseguros com essa verdadeira onda de demissões”, afirma a vice-presidente da Afubesp e diretora executiva do Sindicato, Rita Berlofa.
Segundo a dirigente sindical, o banco tem de mudar de postura e passar a valorizar a unidade que apresenta o melhor índice de eficiência – que mede as receitas da instituição em relação às despesas – em todo o mundo, onde as despesas por empregado chegam a ser 33% inferiores ao do funcionário na Espanha. ”Apenas com a cobrança de tarifas o Santander cobre 148% da folha de pagamento no Brasil. Ou seja, tem recursos de sobra para manter o emprego dos trabalhadores”, argumenta Rita.
Dois pesos e uma medida – Se de um lado a empresa elimina postos de trabalho – comprometendo a sobrevivência de milhares de trabalhadores –, de outro é extremamente generosa com seus executivos e com os acionistas. Segundo dados da própria empresa, entre 2010 e 2013, cada um dos integrantes de um seleto grupo do alto escalão teve reajuste de 67% em sua remuneração anual, passando de R$ 4,7 milhões para R$ 7, 9 milhões. Já aos acionistas, para os quais eram distribuídos 1,4 milhão de euros em 2003, receberam 6 milhões de euros em 2012.
“Essa balança está muito desigual. Se o Santander se empenha tanto em valorizar seu alto escalão e a remunerar bem os acionistas, não pode deixar de lado aqueles que são os verdadeiros responsáveis pelos resultados do banco no Brasil que são os trabalhadores. Quantos empregos, por exemplo, não seriam assegurados com R$ 659 mil, que corresponde a ao que um alto executivo recebe em um mês”, questiona Rita Berlofa.
Seeb-SP, com edição da Afubesp