Santander lucra e corta empregos no Brasil
Banco alcança resultado de R$ 6,3 bi em 2012, aumenta PDD além da inadimplência e fecha, em apenas três meses, 1.128 vagas no Brasil
São Paulo – O Santander Brasil teve lucro líquido de R$ 1,6 bilhão no quarto trimestre de 2012, crescimento de 6,5% na comparação com o trimestre anterior. No ano, o resultado totalizou R$ 6,320 bilhões, decréscimo de 5% em relação a 2011. Em boa parte, isso se deve ao aumento de 30% com as despesas de PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) no ano, medida que não encontra justificativa na inadimplência registrada pelo banco em 2012.
Ou seja, no mesmo período em que a empresa comprometeu R$ 14,991 bilhões de sua receita com PDD – R$ 3,5 bilhões a mais que em 2011 –, a inadimplência superior a 90 dias foi de apenas 5,5%, um ponto percentual mais que 2011.
A diretora executiva do Sindicato e coordenadora na mesa de negociação com o banco, Rita Berlofa, questiona a medida e destaca que ela só serve para “camuflar” o lucro da instituição e, assim, reduzir a PLR dos trabalhadores. “O aumento da provisão entra como despesa no balanço e reduz o resultado do banco, com impacto negativo na PLR dos funcionários.”
Outro dado do balanço, divulgado pelo banco nesta quinta-feira 31, mostra que só com a receita proveniente das tarifas e da prestação de serviços, que alcançou R$ 10,025 bi, o banco cobre 138% de suas despesas de pessoal, inclusive PLR. Em 2011, a relação receita de tarifas versus despesa de pessoal era de 133%. “Os números mostram que a empresa pode muito bem valorizar e retribuir o empenho de seus funcionários. Agora, quando o banco terá de pagar a segunda parcela da PLR, esperamos que faça isso”, lembra Rita.
26% do lucro mundial – A dirigente destaca ainda que o Brasil continua sendo o responsável por 26% do lucro mundial do grupo espanhol – e a América Latina por 50% –, enquanto que a soma de todos os países da Europa onde o Santander atua responde por 27%. “E o Santander retribui o empenho dos bancários brasileiros com sobrecarga desumana de trabalho e aumento da pressão por metas”, afirma Rita, referindo-se à redução de postos de trabalho e ao aumento do número de agências.
Corte de empregos – Apenas nos últimos três meses do ano, a instituição cortou 1.128 vagas. Ao mesmo tempo, inaugurou 23 agências, conquistou 461 mil novos clientes e abriu 325 mil contas correntes. “Isso demonstra o desrespeito do grupo com o Brasil. O banco espanhol trata os trabalhadores do país onde mais lucra como se fossem escravos. Esses bancários e bancárias não têm tempo para mais nada. Onde está a qualidade de vida que a instituição tanto propala na Espanha? Em pleno século 21, o Santander insiste em uma prática colonialista”, critica Rita Berlofa.
O desrespeito, acrescenta, estende-se aos consumidores: “Recebi e-mail de uma cliente que estava pagando os altos juros do cheque especial porque o banco havia depositado seu salário em uma conta antiga, que ela já havia pedido para cancelar.” Problemas como esse, segundo a dirigente, decorrem da política equivocada da empresa, que corta empregos quando deveria contratar mais e adoece os trabalhadores. “O lucro do banco poderia ser ainda maior se investisse no país, ao invés de apostar nessa política desumana”, afirma.
Como exemplo, a dirigente cita outro dado do balanço: “Apesar do aumento da capacidade da população em tomar empréstimos, a carteira de crédito cresceu muito pouco quando comparada à média do setor financeiro nacional.” Em doze meses, o Santander Brasil ampliou em 7,6% sua carteira de crédito, quando a média no Brasil chegou a 16,2%.
Seeb SP