Jornada de luta do Santander atinge a zona sul de São Paulo
São Paulo – A jornada nacional de lutas dos bancários do Santander entrou no seu terceiro dia nesta quinta-feira 15 percorrendo agências de bairros da zona sul de São Paulo. O movimento cobra melhores condições de trabalho e de atendimento por meio do fim das demissões e da diminuição tanto das tarifas cobradas dos clientes quanto da concentração de renda verificada nos quadros do banco.
Um alto executivo recebe cerca de R$ 4,8 milhões por ano. O valor representa 146 vezes os ganhos de um escriturário (R$ 37.773,63). Os 46 integrantes da diretoria executiva do Santander Brasil terão um aumento de até 48,3% em 2014. No total, eles poderão receber este ano até R$ 324,1 milhões.
Na outra ponta da hierarquia, os bancários são obrigados a lidar com as demissões, sobrecarga de trabalho e adoecimento. O número de funcionários, que era 53.484 em março de 2013, chegou a março deste ano em 48.651. Além disso, a instituição fechou 150 agências em 12 meses, sendo 58 apenas no primeiro trimestre deste ano.
“Com essas mudanças o banco está sobrecarregando os funcionários com vários atendimentos ao mesmo tempo como cartão, gerencial Van Gogh, antiatrito, internet e SAC. Eu não tenho cabeça para esse monte de informações, já que não consigo dormir direito preocupada com o atendimento. Estou fazendo tratamento com psiquiatra porque não consigo gravar informações”, desabafa uma bancária da rede de agências Van Gogh.
“A atual gestão do banco está buscando o corte de custos por meio das demissões, do acumulo de tarefas e do aumento de metas, mas a diretoria ainda não parece ter se dado conta de que essa política não está trazendo resultados”, critica a diretora executiva do Sindicato Maria Rosani.
No ano passado, o Santander teve uma queda de 9,7% dos seus lucros em comparação com 2012. No mesmo período, eliminou 4.371 postos de trabalho. O número de contas correntes, que no primeiro trimestre do ano passado era de 520 por funcionário saltou parta 617 no mesmo período deste ano.
Manifesto – Nas agências percorridas pelo movimento, dirigentes sindicais leram um manifesto criticando a atual gestão do banco. Centenas de clientes assinaram carta endereçada ao presidente da filial espanhola do banco, Jesús Zabalza, cobrando a diminuição de tarifas e a contratação de mais funcionários e o fim das demissões.
“O banco deve se dar conta de que é uma concessão pública e tem um papel social a cumprir, e que deve vir por meio da valorização do emprego, da disponibilização de crédito acessível e da diminuição do valor das tarifas”, afirma o dirigente sindical Walter de Oliveira. “Enquanto o banco espanhol não rever sua postura, nós continuaremos com os protestos”, completa.