Gerentes do Santander são sobrecarregados e intimidados a bater meta
Gerentes Van Gogh e Pessoa Jurídica de agências ligadas à Superintendência de Rede SP Sul, do Santander, estão desesperados com metas cada vez mais abusivas, que dobram de uma hora para outra e têm o prazo antecipado para o meio do mês. A da vez é a venda de seguros. “Ficamos a flor da pele, depressivos, pedindo pelo amor de Deus que os clientes comprem algum seguro”, relata uma bancária que não será identificada para evitar retaliações.
A funcionária conta que a meta geral de cada mês foi aumentada em quase 100% e o prazo encurtado pela metade, até o dia 15 de cada mês. Ela destaca ainda que a pressão é incessante. “Primeiro tem a reunião da manhã, em que a gente tem que assumir o compromisso de bater a meta. Eles dizem ‘quero ambição’. Depois, de tarde, tem a cobrança individual: somos chamados na mesa do gerente-geral. E isso é todo o dia.”
Como se não bastasse, a superintendência instituiu um churrasco, na tarde desta sexta-feira 21, exclusivo para os bancários das agências da rede que tivessem cumprido a meta. “A gente naquele nervosismo e eles ficam lembrando o tempo todo do churrasco. Acho um constrangimento. Além disso, é no meio do expediente, o que sobrecarrega ainda mais quem fica”, diz a bancária.
Para a diretora executiva do Sindicato Vera Marchioni a “recompensa” na verdade é desagregadora. “Promove a desunião e competição no ambiente de trabalho, e acaba sendo uma espécie de ranking público, porque todos acabam sabendo quem bateu as metas e quem foi à festa.” Ela lembra que ranking individuais estão proibidos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), uma conquista da categoria.
Prejuízo – Queixas sobre o mesmo problema, de diversos outros gerentes da Rede Sul, chegaram ao Sindicato. “Eles reclamam ainda que, para bater a meta de seguros, têm de deixar de lado outras que contam para a pontuação do programa próprio de remuneração variável”, conta Vera.
A também diretora executiva Rita Berlofa destaca que não é a primeira vez que essa superintendência constrange os funcionários. “O superintendente, senhor Marcelo Malanga, já determinou que os bancários usassem chapéu de caubói para reverenciar os clientes, e agora instituiu o Dia do Atendimento, quando os funcionários têm de usar a cor vemelha (cor da marca Santander)”, denuncia.
Para Maria Rosani, secretária de Relações Sindicais e Sociais do Sindicato, se o banco quer melhorar o atendimento deve parar as demissões e contratar. “Só assim deixará de ocupar o vergonhoso primeiro lugar no ranking de reclamações do Banco Central”, critica.
Seeb-SP