Cuidado com a “infoxicação”, excesso de informações que cria ansiedade e estresse
Quantas vezes você já olhou seu WhatsApp e outros aplicativos desde que levantou da cama? O bombardeio de informação, seja pela televisão, internet, grupos em redes sociais é sintoma de uma era de excessos. Caso você já tenha sentido ansiedade, agonia e dispersão em frente de telas de smartphones e computadores, há um termo para tal condição: a infoxicação. Estar muito conectado todos os dias pode afetar o bem-estar das pessoas, além de reproduzir comportamentos tóxicos no ambiente digital.
Conceito criado em 1996 pelo físico espanhol Alfons Cornellá, o termo corresponde à união das palavras “informação” e “intoxicação”. Ou seja, quando a avalanche desordenada de notícias e assuntos cria uma estafa emocional no usuário, pois o ser humano não é adaptado para absorver tanta informação diariamente. O próprio cotidiano pode se mostrar sufocante e, quando somado a fatores externos pode desencadear transtornos mentais. Ao mesmo tempo, o indivíduo se sente na obrigação de estar atento a todos os milhares de acontecimentos que ocorrem no dia-a-dia.
Há outro nome para isso: o “fear of missing out” (Fomo), em tradução para o português, “medo de ficar por fora” do ambiente digital. Filtrar o que deve ser consumido é o primeiro passo para não cair em comportamentos autodestrutivos e prejudiciais também para outras pessoas, contaminando-as com desinformação e o chamado “hate“, ou disseminação do ódio online.
Como se livrar aos poucos da hiperconectividade
Ser seletivo e escolher bem as fontes de informação é apontado como base para o recomeço. As fake news geralmente são as notícias que mais criam pânico e as mais propensas ao compartilhamento e manipulações. Desde 2018, o Brasil é um dos países que mais consomem informações falsas segundo pesquisa da Reuters. Felizmente, hoje há agências de checagem da veracidade de informações e uma consciência maior sobre o tema.
Outra ação é criar limites de tempo para consumir redes sociais e se atualizar sobre as notícias do dia. Como toda recuperação de doenças, a disciplina é essencial. Práticas tomadas como normais como sentir necessidade de responder com rapidez mensagens de texto com objetivo de participar de todos os debates, além de estar com vários dispositivos ligados ao mesmo tempo são rotinas que podem ser evitadas aos poucos.
É preciso calibrar a necessidade de cada indivíduo em receber e procurar informações e debatê-los. Ao mesmo tempo que existe a fobia de ficar de fora do que acontece no mundo, também existe seu contraponto. Especialistas exaltam outra filosofia, o “joy of missing out” (alegria em ficar de fora), que representa exatamente o contrário. Basicamente, o “Jomo” significa procurar apreciar outros aspectos da vida, se desconectar por mais tempo para viver no próprio ritmo e se livrar de pressões que a vida online nos impõe.
Letícia Cruz – Afubesp