Casa 1 e Casa 3 do Santander aderiram totalmente à greve
Apesar da pressão do Santander, trabalhadores das concentraçõesse recusaram a trabalhar na sexta-feira, 27
“É hora de dar basta ao assédio moral, às perseguições e a todo o desrespeito do Santander, o qual concede elevados reajustes a seus altos executivos, mas que tem a coragem de propor aumento de apenas 6,1% aos trabalhadores brasileiros. Não aceitamos isso, Vendemos ao banco nossa força de trabalho, mas jamais venderemos a nossa alma. Hoje é dia de dizer: não, Santander.” Foi assim que a diretora executiva do Sindicato, Rita Berlofa, saudou os funcionários do centro administrativo Casa 1 que aderiram à greve nesta sexta 27.
A concentração, na zona sul da capital, reúne departamentos como o Câmbio, a Contabilidade destinada a prestar contas à matriz do banco na Espanha, e parte dos setores de tecnologia e de telefonia. Entre os cerca de 2,5 mil trabalhadores bancários e terceirizados, a insatisfação é generalizada: falta de valorização, cobrança excessiva e desigualdade na ascensão profissional e de oportunidades, entre outras queixas.
Um funcionário, com mais de oito anos de Santander, recorda que nos anos anteriores sempre ocorreram, por força da greve, aumentos acima da inflação. “Isso não pode mudar, o índice que eles (os bancos) querem nos empurrar é muito desproporcional às nossas responsabilidades. Também não dá para serem só esses 6% para os vales refeição e alimentação. O almoço e o supermercado estão cada vez mais caros.”
Unir forças – Uma trabalhadora terceirizada destaca que faz as mesmas tarefas que os funcionários do banco, mas que recebe bem menos. “Procuro me qualificar constantemente e é um absurdo não sermos também contratados pelo banco. A desigualdade é muito grande para nós. Isso tem de mudar.”
Um outro bancário, há vários anos na instituição financeira, destacou que a culpa de a situação estar assim é do próprio trabalhador e só cabe a ele reagir para mudar esse cenário. “Muitos bancários e terceirizados estão em uma armadilha criada pelos bancos. Tem funcionário que considera o terceirizado um inimigo prestes a tomar o lugar dele. E o terceirizado acha que se ralar muito, suportar a exploração e até humilhações poderá abrir portas dentro do banco .”
Esse mesmo funcionário conclui fazendo um alerta aos trabalhadores: “Os únicos que ganham com essa divisão são os bancos. Às vezes contratam uns poucos terceirizados, pois, na maioria das vezes, quando sai um bancário a substituição é por uma pessoa indicada por alguém com certa influência. Em outras dão umas poucas promoções para ‘calar a boca’ de alguns bancários. Ou seja, se todos não se unirem esse ciclo não acaba nunca. Se todos pararem na greve, apresentam reajuste decente, criam condições de carreira para todos e até os terceirizados são contratados. Isso tudo só depende de nós.”
Casa 3 – Também na zona sul, o Casa 3 teve as atividades interrompidas na sexta-feira. Desde as primeiras horas da madrugada, dirigentes sindicais já integravam as comissões de esclarecimento em frente ao complexo administrativo que abriga cerca de 2,1 mil trabalhadores.
O Santander pressionou para que muitos fossem trabalhar em outros locais, inclusive o Casa 1, no qual os bancários já estavam em greve, mas a maioria se recusou.
Seeb-SP