Banqueiros alegam não ter condições de repor inflação
22 minutos. Foi o tempo que durou a quinta rodada de negociação em que os banqueiros alegaram não ter condições de chegar nem perto do índice de 18%, referente à inflação do último período. “A proposta de recomposição salarial que vocês querem é muito alta para os bancos pagarem”, disse o negociador dos banqueiros, Magnus Apostólico. Ele explicou que ainda vai discutir com os bancos para ver se aumenta a contraproposta de 10% feita pela Fenaban. “Hoje nós só queremos deixar claro que o índice que vocês pleiteiam é inatingível”, justificou.
Indignados com o esvaziamento da reunião, os bancários decidiram manter todas as quintas-feiras como o Dia Nacional de Lutas, com paralisações nas agências bancárias, e as terças para mobilizar a categoria. Se os banqueiros não tiverem condições de, ao menos, repor as perdas salariais corroídas pela inflação, quem é que tem então?, questionou Vagner Freitas, presidente da CNB/CUT.
O sindicalista ressaltou que mesmo com recordes em cima de recordes na lucratividade, a ganância dos banqueiros os impede de, pelo menos, respeitar seus funcionários e pagar um salário digno. “Eles alegaram que não têm condições de repor a inflação do período. Ora, a inflação deveria ser reposta automaticamente, já que o sistema financeiro não conhece crise no Brasil há anos”, comentou Vagner.
A revolta dos bancários tem sentido. Um levantamento produzido pela Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fecap), e publicado pela Revista Exame para o suplemento Melhores e Maiores 2003, indicou que os 50 maiores bancos que atuam no Brasil tiveram lucro líquido em 2002 da ordem de US$ 5,74 bilhões. Este valor é quatro vezes superior aos lucros registrados pelas 50 maiores empresas brasileiras dos segmentos de indústria, comércio e serviços, que acumularam US$ 1,34 bilhão, no ano passado.
Vagner lembrou que até os empresários do setor produtivo reclamam dos banqueiros, devido aos altos juros e a falta de crédito. Na entrega da minuta da campanha salarial única, encabeçada pela CUT no mês passado, os industriais da Fiesp reclamaram que o desemprego e o arrocho salarial no setor são causados pelos banqueiros, que lucram quatro vezes mais que outros setores e não têm qualquer compromisso com a sociedade brasileira, lamentou Vagner.
A próxima rodada de negociações ficou agendada para o dia 17 de setembro, às 15h. Só esperamos que os banqueiros levem a sério às negociações e apresentem um índice que contemple os anseios dos bancários, que a cada ano vêem seu poder de compra diminuir e o lucro dos seus patrões aumentar, concluiu Vagner.
fonte: CNB/CUT