Bancários querem proposta decente
Nesta sexta-feira, 17, a partir das 10h, será realizada mais uma negociação, a sétima da Campanha Nacional 2018, entre Comando Nacional dos Bancários e Fenaban (federação dos bancos). Os banqueiros assumiram o compromisso de apresentar nova proposta. A expectativa da categoria é que os bancos tragam proposta que contemple aumento real; garanta empregos; mantenha direitos; o compromisso de não adoção, sem negociação, das novas formas de contratação da reforma trabalhista como terceirizados em atividade-fim, intermitentes, jornada 12×36, por tempo parcial, e autônomos; além de melhorias nas cláusulas de saúde da CCT (Convenção Coletiva de Trabalho), já que os bancários são uma das categorias que mais adoecem.
Na última negociação, realizada em 12 de julho, a Fenaban ofereceu apenas a reposição da inflação, medida pelo INPC, para salários, pisos e demais verbas, como PLR, VA, VR e auxílio-creche/babá. Além disso, o setor mais lucrativo da economia não trouxe respostas a outras reivindicações importantes da categoria, como manutenção dos empregos e a não adoção das novas formas de contratação previstas na reforma trabalhista. Pela proposta da Fenaban, o acordo seria de quatro anos, com reposição da inflação a cada data base (1º de setembro). Para este ano, o reajuste seria de 3,90% (projeção do INPC entre 1º de setembro de 2017 e 31 de agosto de 2018).
“Por isso, essa proposta que não garante os empregos dos trabalhadores, não oferece nem um centavo de aumento real por quatro anos e não dá resposta a outras reivindicações é inaceitável. E os bancários de São Paulo, Osasco e Região deixaram isso claro ao rejeitarem a proposta por unanimidade em assembleia”, afirma Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
“Esperamos que, nessa nova negociação, a Fenaban e os bancos públicos apresentem proposta que respeite o esforço dos bancários, responsáveis pelos lucros sempre crescentes do setor”, acrescenta.
Bancos lucram alto
Mesmo na crise, os bancos ganham, e muito. Em 2017, os cinco maiores bancos que atuam no país (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa), que empregam em torno de 90% da categoria, lucraram juntos R$ 77,4 bilhões, aumento de 33,5% em relação a 2016. Só no primeiro trimestre deste ano, eles já atingiram R$ 20,3 bi em lucro, 18,7% a mais do que no mesmo período de 2017. E os balanços do semestre já divulgados pelo Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil apontam que o ritmo de crescimento se manterá.
Entre 2012 e 2017, o lucro líquido das maiores instituições financeiras no país teve uma variação real positiva de 12%. E o volume das atividades também apresentou crescimento nesse período: a carteira de crédito aumentou 25% acima da inflação e o número de clientes com conta corrente e conta poupança apresentou alta de 9% e 31%.
“Os dados deixam claro que os bancos não têm nenhuma desculpa para não oferecer aumento real aos bancários. Também não dão margem para qualquer justificativa para os cortes de postos de trabalho que o setor vem promovendo. Lembrando que no balanço dos reajustes salariais do primeiro semestre deste ano, 78,8% das categorias tiveram reajuste acima da inflação. E a proporção de reajustes acima do INPC em 2018 foi maior do que em 2017 (2,8% e 5,0%, respectivamente). O setor mais lucrativo do país não pode deixar de valorizar os trabalhadores que constroem resultados cada vez mais expressivos”, conclui Ivone.
Redação SP Bancários