Assédio moral e agressão no Santander
Terça-feira, 17 de junho. Data do segundo jogo do Brasil na Copa do Mundo. Milhões de brasileiros se preparam para deixar seus locais de trabalho para assistir a mais uma apresentação da Seleção na companhia de amigos ou familiares. Mas esse não foi o destino de uma bancária do Santander.
Naquele dia a funcionária se preparava para sair quando o gerente de relacionamento business III exigiu que antes terminasse um trabalho. Ela então solicitou informações para executar a tarefa. Naquele momento, segundo testemunhas, o gerente começou a gritar e questionar sua competência.
“Eu escutei ela perguntando ‘onde eu localizo isso no sistema?’”, conta uma testemunha. “O gestor então respondeu: Como você não sabe? Você por acaso é burra?”, acrescenta.
A mesma colega conta que a bancária, ofendida, decidiu ir embora. “Mas ele não a deixou sair, usou de força física para afastá-la da saída e a trancou na sala. Nós nos assustamos com a violência e os gritos que partiam de dentro da sala e tentamos socorrer a funcionária”, relata.
Cárcere privado – Após o ocorrido, a vítima fez um boletim de ocorrência por cárcere privado, crime previsto no código penal, e foi transferida. No entanto, nenhuma providência foi tomada em relação ao agressor. O Sindicato apurou que o assediador possui histórico de agressões verbais e humilhações aos colegas.
“Ele sempre humilhou todo mundo. Falava coisas que me jogavam para baixo, a ponto de me fazer ir ao médico e tomar antidepressivo”, relata um ex-colega que não aguentou o assédio e pediu demissão.
Segundo relatos, o histórico é de conhecimento do gerente-geral e do superintendente regional, que não coíbem esse tipo de comportamento. Os bancários que trabalharam com o agressor atribuem o acobertamento a uma amizade entre ele e o gerente-geral.
“Há uma preferência do gerente-geral por ele. Os melhores clientes são passados para ele gerenciar”, relata uma ex-funcionária que também pediu demissão por causa da atitude do assediador. “Todos os outros gerentes tem metade dos clientes. Os gestores têm preferência porque já trabalharam juntos anteriormente”, afirma.
“O Santander não se importa com as pessoas, não tem recursos humanos”, reforça outro ex-colega do agressor. “O superintendente regional não quer ouvir os funcionários. Para ele o que importa é a versão do gerente-geral, que é amigo do agressor. O que ele falar é a verdade”, relata.
A diretora do Sindicato Maria do Carmo Lellis cobra uma solução. “Não aceitaremos que esse tipo de atitude seja premiada e vítimas sejam ainda mais prejudicadas”, afirma a dirigente, acrescentando que caso não haja resposta do banco, o Sindicato vai tomar outras ações.
Seeb-SP