Sem avanços nas negociações, bancários cruzam os braços por proposta decente
Setor que lucrou mais de R$ 26 bi somente nos primeiros seis meses deste ano quer pagar menos aos seus funcionários.
São Paulo – Agora é greve! Durante mais de um mês o Comando Nacional dos Bancários tentou resolver a Campanha Nacional 2012 na mesa de negociação com os bancos. Apresentou números que demonstravam a possibilidade de atender às reivindicações da categoria por aumento real de salários, PLR, piso e vales maiores, mais contratações. No entanto, após nove rodadas, a Fenaban (federação dos bancos) ofereceu reajuste de 6%, o que representa 0,58% acima da inflação. Os banqueiros ainda tiveram prazo até o dia 17 para retomar as negociações e não apresentaram nada.
Assim, assembleia (fotos) realizada na noite de segunda 17, na Quadra, reuniu a categoria para organizar a paralisação.
“Os 0,58% foram considerados insuficientes por bancários em assembleias por todo o Brasil, que definiram buscar na luta os direitos que os bancos estão negando aos trabalhadores. Hoje, dia 18, é nosso primeiro dia de greve e vamos continuar parados até que os bancos atendam nossas reivindicações. Eles podem”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, lembrando alguns números do setor. “De acordo com os balanços dos sete maiores bancos do país, entre o primeiro semestre de 2011 e o de 2012 os ativos cresceram em média 15,56%, as operações de crédito subiram 18,63%, o patrimônio líquido aumentou 12,65%. E esses números se repetem todo ano. Os bancos levaram os bancários à greve porque querem economizar com seus empregados, mas isso não vamos aceitar.”
A dirigente reforça a crítica, destacando o aumento para executivos do setor em 2012: “são 9,7% para alguns poucos privilegiados que já ganham entre R$ 1 milhão e R$ 8 milhões ao ano cada. Mas para os trabalhadores que estão na linha de frente, com piso salarial de R$ 1.400, atendendo clientes e gerando riqueza para os bancos, oferecem somente 0,58% de aumento real. Nossa resposta foi a greve”.
> Altos executivos terão aumento de 9,7%
A paralisação começa nesta terça-feira 18 com mais força nos principais corredores da cidade (regiões com maior número de agências bancárias) e se espalha pelos bairros e também prédios administrativos dos bancos. “Quanto mais forte for nossa greve, mais poder ela tem de incomodar os bancos. Queremos negociar, mas com seriedade e não com propostas inaceitáveis”, explica a presidenta do Sindicato.
Ato na Paulista – No dia 20, a partir das 11h, as categorias com campanha salarial no segundo semestre, reúnem-se para um ato na Avenida Paulista. O objetivo de bancários, metalúrgicos, químicos, petroleiros e funcionários dos Correios é levar ao conhecimento da população as pautas específicas desses trabalhadores e também pressionar pela pauta conjunta que está parada no governo e no Congresso Nacional. Entre as reivindicações estão: isenção de imposto de renda na PLR; fim da terceirização e da rotatividade; regulamentação da Convenção 151 e ratificação da Convenção 158, ambas da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que garante o direito de negociação coletiva e inibe a dispensa imotivada, respectivamente. “Desde cedo os bancários estarão na Paulista, para reforçar a greve. A partir das 11h todos no ato. O governo está devendo resposta definitiva sobre o valor da PLR que será isenta do imposto e estamos cobrando que a reunião seja definitivamente realizada”, completa Juvandia.
Assembleia – Na tarde da quinta-feira 20, a partir das 16h, os bancários fazem nova assembleia na Quadra do Sindicato (Rua Tabatinguera, 192, Sé), para avaliar os rumos do movimento. Leve crachá e documento com foto para credenciamento. O comando de greve se reúne no local às 15h30.
Seeb SP