“BANESPA – PATRIMÔNIO GOLPEADO” – ARTIGO DA DEPUTADA IARA BERNARDI
Os funcionários e aposentados do Banespa realizaram, ontem, o Encontro Nacional do Funcionalismo do Banespa, em Brasília. Foi um grito para chamar a atenção dos políticos e principalmente da população brasileira, para o processo de privatização deste banco. A entrega do banco beneficiará apenas os banqueiros. Perdem os trabalhadores, os pequenos e médios produtores urbanos e rurais, as prefeituras e a sociedade.
Nenhum banco privado cumprirá o papel desempenhado pelo Banespa em seus 90 anos de história, voltados para o desenvolvimento de São Paulo e do país. Muitos municípios paulistas perderão a única agência bancária de que dispõem.
Com a privatização, haverá o sucateamento do patrimônio público do nosso Estado e o aumento considerável do desemprego, já que os financiamentos do Banco garantem linhas de crédito para as micro, pequenas e médias empresas que empregam milhares de paulistas. Mesmo estando sob a intervenção do governo federal, o banco é responsável por quase metade dos contratos de financiamento agrícola de São Paulo.
Além de todo este histórico, há problemas pendentes que precisam ser encarados de frente, caso a privatização ocorra de fato. O processo de privatização está envolto em questões que podem atrasá-lo ou mesmo pará-lo. Tramitam na Justiça Federal ações questionando irregularidades no processo de privatização. Uma das ações em estudo é relativo ao passivo previdenciário do banco junto ao Banesprev e aos funcionários da ativa e aposentados admitidos até 1975. A Associação dos Funcionários do Banespa (Afubesp) denuncia que para tentar resolver esta questão e facilitar a privatização, a diretoria do banco quer viabilizar um fundo para os funcionários que ingressaram antes de 1975 e um novo plano, chamado Banesprev III, para os admitidos após esta data. Outro problema apontado pela Afubesp é que os R$ 2,9 bilhões que serão destinados ao novo plano, são insuficientes para pagar as complementações dos 1.800 funcionários da ativa e 14 mil aposentados e pensionistas. Cálculos avaliam que seriam necessários R$ 4,5 bilhões para garantir o direito dos banespianos.
O Banespa foi sendo dilapidado governo após governo, oferecendo empréstimos irresponsáveis que nunca foram quitados. Para o leitor ter uma idéia da evolução da dívida de São Paulo com o banco, no governo Quércia a dívida era de R$ 4,8 bilhões; no de Fleury, de R$ 9,3 bilhões e, nos primeiros três anos do primeiro governo de Mário Covas, a dívida já era de R$ 29 bilhões!
Foi no governo Mário Covas que o banco foi golpeado de morte, quando cresceu enormemente a dívida, quando se permitiram a intervenção do Banco Central e a federalização do Banespa, quando se transferiram para a União os 16% de ações do Banespa em poder do Estado.
Apesar dos ataques contra o Banespa, o nosso banco é rentável. O Banespa fechou outubro com um lucro líquido de R$ 143,678 milhões, acumulando no ano de 1999, R$ 893,145 milhões. No segundo semestre, o resultado acumulado do banco chegou a R$ 311,666 milhões e a receita operacional foi de R$ 264,780 milhões. Ao final de outubro, os depósitos totais chegaram a R$ 11,114 bilhões e a carteira de empréstimos a R$ 3,915 bilhões. O patrimônio líquido ficou em R$ 5,058 bilhões no encerramento de outubro.
Por tudo isto, é preciso que estejamos atentos a esta política nefasta que está sendo praticada pelo governo FHC e Mário Covas. Prefeitos, vereadores, deputados, sindicatos, empresários, todos nós, devemos entrar na luta contra a privatização do banco do nosso estado, do banco dos paulistas.
Iara Bernardi é deputada federal (PT/SP)
fonte: AFUBESP