Produção e descarte de lixo é assunto urgente

No dia 28 de julho de 2022, alcançamos o Overshoot Day (Dia de Sobrecarga da Terra), isto é, nos sete primeiros meses do ano foram esgotados os recursos que a Terra é capaz de nos disponibilizar de forma sustentável.
“Se não associarmos desenvolvimento econômico a um melhor uso dos recursos naturais, otimizando os processos produtivos, incentivando o consumo consciente e priorizando os insumos mais renováveis, recicláveis e duráveis, teremos como realidade a escassez já anunciada por esse modelo linear. Cada ano esse dia chega mais cedo, que possamos respeitar o meio ambiente que vivemos”, alerta a especialista e consultora ambiental, Tatiana Delgado de Souza Koroiva.
Então, qual mundo queremos deixar para as futuras gerações? A resposta dessa pergunta está ligada às ações que impactam diretamente na ‘saúde’ do meio ambiente. E isso, passa pelo lixo que produzimos em casa e a forma como lidamos com o seu descarte.
O lixo pode ser classificado como orgânico (restos de alimentos, folhas, sementes, papéis, madeira entre outros), inorgânico e esse podem ser recicláveis ou não (plástico, metais, vidros etc.), lixo tóxico (pilhas, baterias, tinta etc) e lixo altamente tóxico (nuclear e hospitalar).
De acordo com Tatiana, “o lixo produzido pelas residências, indústrias, comércios, prestadores de serviço de uma maneira em geral, deveria ir para aterros sanitários devidamente construídos e licenciados, a fim de minimizar o impacto gerado”, porém a realidade em muitos municípios brasileiros é bem diferente.
Um levantamento realizado pela Abrelpe (Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública) em 2021, apontou que o Brasil tem hoje quase 3 mil lixões ou aterros irregulares. “Esse tipo irregular de descarte, impacta a qualidade de vida de 77 milhões de brasileiros, além de contaminar o solo e as águas, ” aponta.
Reciclagem, benefícios e políticas públicas
O Brasil produz 27,7 milhões de toneladas anuais de resíduos recicláveis, mas apenas 4% passam por esse processo de reaproveitamento. Este índice está muito abaixo de países de mesma faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que apresentam média de 16% de reciclagem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA).
Tatiana ressalta que a reciclagem tem um papel fundamental e seus benefícios são inúmeros tanto para o coletivo quanto para o indivíduo. “É um benefício mútuo, além de movimentar a economia, aumenta a vida útil dos aterros, diminui a procura por matérias-primas novas e consequentemente a demanda por energia. ”
Para ela, não só a falta de informação é a grande vilã para que os resíduos sejam descartados de maneira correta, mas também a ausência de uma educação ambiental e de políticas públicas para que se entenda que a reciclagem sozinha não irá resolver todas as questões ambientais. “A reciclagem é só uma forma de minimizar e mitigar os muitos impactos causados ao longo da existência humana, ” pontua.
Em abril deste ano, após 12 anos de discussões, o governo federal regulamentou o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PLANARES), que tem como meta que em 2024, 14% de todo o lixo produzido no país seja reciclado e que, em 2040, o índice chegue a quase metade de todos os resíduos produzidos.
“Com a publicação do PLANARES, alguns caminhos para o avanço da gestão dos resíduos estão se desenhando e tomando mais forma e trazendo estratégias, diretrizes, metas e ações para pequeno, médio e longo prazos. Sem políticas públicas de incentivo por parte dos governos e o uso de materiais recicláveis pela indústria essa conta nunca irá fechar”, explica.
Todo lixo seco é reciclável?
Segundo a especialista ambiental, saber diferenciar as palavras “resíduo” e “rejeito” é importante para que se possa fazer o descarte do lixo de maneira correta.
“De maneira geral, resíduo é tudo aquilo que ainda possui valor econômico agregado e que pode ser apropriado pelas indústrias, por cooperativas ou por quaisquer outros componentes da cadeia produtiva de determinado produto ou processo produtivo. Já o rejeito é um tipo específico de resíduo sólido, onde quaisquer possibilidades de reaproveitamento ou reciclagem já se esgotaram e não são apresentadas condições para a sua inserção dentro de qualquer elo da cadeia produtiva, às vezes por excesso de contaminação ou por suas características físico-químicas. No caso dos rejeitos, as soluções ambientalmente corretas são o encaminhamento para um aterro licenciado, ou para a incineração também em local licenciado. ”
Cores da coleta seletiva

Fonte: BIOCAMP
Recicláveis:
Papel – revistas, envelopes, jornais, papelão, folhas de caderno, rascunhos
Vidro – frascos e potes de produtos alimentícios, garrafas de bebidas
Metal – latas de bebidas e produtos alimentícios, arames, panelas sem cabo, tampinhas e lacres metálicos
Plástico – copos, garrafas, sacos e embalagens, tubos e canos
Não recicláveis:
Papel – papel carbono, papel toalha, papel sanitário, adesivos
Vidro – espelho, vidros pirex, etc
Metal – tachinhas, aerossóis, latas de tinta e verniz, esponjas de aço, grampos e clipes
Plástico – cabos de panelas, tomadas, cds, dvds
Com informações Mundo Educação, Agência Brasil, SIMESP