Negociação com Fenaban continuará na terça-feira 21
A Fenaban não trouxe para a mesa de negociação de sexta-feira, 17, uma proposta global para a pauta de reivindicações da categoria, que já está com a federação dos bancos desde o dia 13 de junho. A negociação continuará nesta terça-feira, 21. Os bancos se comprometeram a mandar a proposta redigida na segunda-feira 20, para que o Comando Nacional dos Bancários tenha tempo de avaliar e trazer contrapopostas para a mesa de terça.
“Nossa expectativa de sair com uma proposta completa foi frustrada. Mas continuamos em negociação e na próxima rodada ou sairemos com uma proposta completa e decente ou chegaremos em um impasse. Cabe à Fenaban não levar a categoria à greve”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que representa a categoria na mesa de negociação com a Fenaban.
Na última rodada, ocorrida no dia 7, a Fenaban apresentou proposta insuficiente, apenas de reposição da inflação, e incompleta, porque não trouxe garantias contra as novas formas de contratação previstas na reforma trabalhista, como a terceirização e o trabalho autônomo. E essa proposta, sem aumento real, foi amplamente rejeitada pela categoria, em assembleias lotadas em todo o país.
“A categoria bancária deixou claro nessas assembleias que quer aumento real, garantia de todos os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e de que não serão substituídos por trabalhadores terceirizados, intermitentes, PJs, temporários. Também estão preocupados com a ultratividade (manutenção dos direitos até a assinatura de um novo acordo). E nada disso foi apresentado pelos bancos até agora”, ressaltou a presidente da Contraf, Juvandia Moreira.
Os representantes dos bancários destacaram que querem resolver a campanha na mesa de negociação. “Antecipamos o calendário da campanha justamente para termos tempo de negociar antes da nossa data base (1º de setembro), quando deixa de valer nosso atual acordo. Foi uma decisão acertada. E agora está nas mãos dos bancos resolver a campanha e apresentar uma proposta final decente para a categoria”, ressaltou Juvandia. “O setor tem excelentes resultados há anos. Podem pagar aumento real e não há nenhum motivo para demitir, retirar direitos ou precarizar os empregos bancários. Para fechar a campanha, queremos ter essas garantias e esperamos que na semana que vem a proposta dos bancos atenda a essas reivindicações fundamentais para a categoria, e plenamente factíveis para os bancos.”
O Comando indicou que esta semana seja de luta, com mobilizações e atos em agências e centros administrativos de bancos em todo o país.
Setor mais lucrativo pode oferecer proposta decente
Os representantes dos trabalhadores mais uma vez reforçaram que os bancos podem atender as reivindicações da categoria.
Em 2017, os cinco maiores bancos que atuam no país (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa), que empregam em torno de 90% da categoria, lucraram juntos R$ 77,4 bilhões, aumento de 33,5% em relação a 2016. Só no primeiro trimestre deste ano, eles já atingiram R$ 20,3 bi em lucro, 18,7% a mais do que no mesmo período de 2017.
E os balanços do semestre já divulgados pelo Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa apontam que o ritmo de crescimento se manterá. De janeiro a junho, a soma dos lucros dos quatro já alcançou R$ 35,2 bilhões, um crescimento de 12% em relação ao primeiro semestre de 2017.
O levantamento feito pela consultoria Economatica mostra que, enquanto os demais setores da economia perdem com a crise, os bancos seguem lucrando. Dos 26 setores avaliados, seis tiveram prejuízo. E o mais lucrativo foi o bancário, que fechou o segundo trimestre de 2018 com R$ 17,6 bilhões contra R$ 15,2 bilhões em 2017, crescimento de 15,57% ou R$ 2,37 bilhões (o levantamento é apenas entre empresas com ações na bolsa, portanto, não foi levado em conta o lucro da Caixa).
Afubesp com SP Bancários e Contraf