Fatia do Brasil no resultado do Santander cresce para 25% e deve manter alta
Segundo vice-presidente executivo de Finanças do banco, a fatia era de 20% no mesmo período de 2009
A participação do Brasil no resultado do grupo Santander cresceu para 25% nos nove primeiros meses de 2010 e pode crescer mais nos próximos meses, de acordo com o vice-presidente executivo de Finanças do Santander Brasil, Carlos Galán. No mesmo período de 2009, a fatia era de 20%.
“O crescimento do Brasil dentro do grupo é natural”, afirmou, em teleconferência com jornalistas. Segundo ele, o banco espera que o Brasil e América Latina sejam as principais alavancas de crescimento no médio prazo, já que as perspectivas para suas economias são melhores que as de mercados maduros, como Europa e Estados Unidos.
“Não esperamos que as economias maduras tenham uma reaceleração expressiva e, sim, uma melhora moderada em 2012”, disse, citando uma expansão esperada de cerca de 4,5% no Brasil daqui a dois anos, contra 1,5% nas economias desenvolvidas.
O banco informou nesta quinta-feira que registrou lucro líquido de R$ 1,935 bilhão no terceiro trimestre, 31,4% a mais que no mesmo período de 2009. Os dados estão ajustados às normas contábeis internacionais da IFRS (International Financial Reporting Standard).
No acumulado dos nove primeiros meses do ano, os ganhos do banco cresceram 39,5%, para R$ 5,464 bilhões.
Enquanto isso, o grupo Santander, com sede na Espanha, anunciou hoje queda de 9,8% no lucro líquido de nove meses, depois de um impacto de 472 milhões de euros (US$ 652 milhões) gerado por provisões. A reserva cumpre regras espanholas que foram endurecidas depois de uma grave crise imobiliária que atingiu o país e provocou a pior recessão em meio século.
Crédito – A tendência de crescimento das operações de crédito com o cenário econômico positivo no Brasil, acompanhada de um movimento consistente de queda da inadimplência, ajudaram o resultado do Santander Brasil, que engloba as operações do antigo Banco Real, no terceiro trimestre.
Além disso, os ganhos de sinergia com a integração das operações das marcas Santander e Real –que somam R$ 1,545 bilhão até setembro– equilibraram o crescimento das despesas decorrente do aumento das operações, contribuindo também para o resultado acima do registrado no ano passado.
A carteira de crédito do banco cresceu 16,8% entre o terceiro trimestre de 2009 e o mesmo período de 2010, considerando os padrões contábeis brasileiros (BR Gaap). Assim, a carteira total do banco chegou a R$ 159,085 bilhões ao final de setembro. No mesmo período do ano passado, as instituições financeiras ainda lutavam para recuperar o ritmo de concessão de empréstimos após a escassez de recursos causada pela crise econômica mundial.
O destaque no período foram os empréstimos direcionados às pequenas e médias empresas, que cresceram 14,7% em 12 meses. A carteira para as pessoas físicas cresceu 14,2% no mesmo período, impulsionada pelo crédito consignado–com desconto em folha–, que teve alta de 40,8%, crédito imobiliário (30,7%) e cartão de crédito (26%).
“O crescimento está muito maior em produtos que, para nós, são mais importantes, como a pessoa física e o segmento de pequenas e médias empresas”, disse Galán. De acordo com ele, a aceleração nas concessões às pequenas e médias foi resultado de uma série de ações realizadas para o banco para ganhar espaço no segmento.
Para 2011, ele afirmou que as projeções para o crescimento das operações de crédito do banco ficam em linha com as divulgadas pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos), de cerca de 19%.
“O ambiente econômico é favorável. O Brasil está em um momento único, o cenário é muito positivo, e esse cenário que está levando à maior bancarização”, disse. O executivo ressaltou a abertura de mais 331 mil contas correntes nos primeiros nove meses do ano.
A inadimplência acima de 90 dias, por sua vez, caiu para 4,2%, ante 4,7% ao final do segundo trimestre e 6,5% há um ano. Foi o quarto trimestre consecutivo de queda. “Essa queda deriva de um entorno favorável, em que a economia está avançando, com níveis de desemprego recorde, e, portanto, achamos que está tendência será mantida nos próximos meses.”
Com a queda das parcelas em atraso, o banco pôde reduzir o total de provisões para crédito de liquidação duvidosa, que somou R$ 1,866 bilhões no terceiro trimestre, redução de 22,3% em relação a igual período de 2009. O número considera o padrão BR Gaap.
Giuliana Vallone – Folha de S.Paulo