Dia da Memória: 13 anos da privatização do Banespa
Na quarta-feira, 20 de novembro, o fatídico dia que arrancou lágrimas dos banespianos completou 13 anos. Foram seis anos de luta dos trabalhadores até que o Banespa fosse vendido em leilão pelo governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) para o espanhol Santander, após ser federalizado pelo governo estadual de Mario Covas.
Os bancários resistiram desde a intervenção do Banco Central, em 1994. Os sindicatos e a Afubesp conquistaram liminares e decisões judiciais e forçaram adiamentos do leilão. No entanto, a política privatista dos tucanos, tendo FHC e José Serra a frente, com medida provisória, enviou os recursos para análise do então presidente do Supremo Tribunal Federal, Carlos Veloso.
Na véspera da privatização, embora uma liminar impedisse a realização do leilão, Velloso fez plantão, num fim de semana, recebendo, no sábado à tarde, recurso da Advocacia Geral da União, então sob o comando de Gilmar Mendes, cassando a liminar na calada da noite de domingo. Assim, na manhã de segunda-feira, a venda foi efetivada.
A emoção e a tristeza daquele momento transformou-se em força para seguir em frente e continuar lutando em defesa de empregos e direitos.
Após 13 anos de privatização, a resistência do movimento sindical, da qual orgulhosamente a Afubesp faz parte, garantiu estabilidade empregatícia por alguns anos e aposentadoria para milhares de funcionários. Além disso, são resultados desse trabalho as manutenções de Banesprev e Cabesp para além do tempo previsto no edital de privatização (18 meses e 60 meses, respectivamente), obtidas em negociações com o banco entre os sindicatos e a associação.
Propinoduto tucano – os mesmos personagens
Hoje, os personagens que entregaram o Banespa para o banco espanhol são os mesmos que figuram o caso do propinoduto do tucanato paulista. Em julho deste ano, os rostos de Mario Covas, José Serra e Geraldo Alckmin estamparam a capa da revista IstoÉ. A publicação denunciou um suposto esquema de corrupção montado há quase 20 anos, durante os governos do PSDB, para desviar dinheiro das obras do Metrô e dos trens metropolitanos de São Paulo.
Agora os trabalhadores querem a instauração da CPI do Metrô. Para isso são necessárias 32 assinaturas, mas apenas 28 deputados – das bancada do PT, do PCdoB e do Psol – aderiram ao documento até agora.
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As investigações do Ministério Público Federal, Polícia Federal, Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) e justiça da Suíça apontam que desde o governo de Mário Covas, passando pelas gestões de José Serra e Geraldo Alckmin (desde 1995 até a atual gestão), as empresas Siemens e Alstom se beneficiam do pagamento de favores comprados por meio de propina para ganhar licitações do Metrô e na CPTM.
No início da investigação, representantes da Siemens,admitiram irregularidades nas licitações dos contratos. Em valores atualizados, eles somam R$ 2,4 bilhões, o que pode significar um prejuízo aos cofres públicos de até R$ 192 milhões.
Érika Soares – Afubesp
Camila de Oliveira – foto