Convênio reciprocidade: CNU é motivo de reclamação de Norte a Sul

Diz o ditado que de boas intenções o inferno está cheio. Ninguém sabe qual foi a real intenção da diretoria da Cabesp – resolver o problema de falta de profissionais, hospitais, etc. Brasil afora, ou reduzir gastos – na hora de firmar contrato de exclusividade com a CNU (Central Nacional Unimed), como convênio reciprocidade, para os banespianos que moram fora do estado de São Paulo. Certeza mesmo é que para usuários foi um péssimo negócio. Pelo menos é o que parece, pois pipocam reclamações dos associados na Afubesp, vindas dos quatro cantos do país.
Para tentar evitar que isso ocorresse, logo após o anúncio da parceria com a CNU, em julho deste ano, as entidades enviaram carta reivindicando, entre outros pontos, a manutenção dos convênios de reciprocidade existentes em todas as regiões por tempo indeterminado, junto à implementação do novo.
Entretanto, a resposta da Cabesp ao referido documento foi mais uma vez intransigente e afirmou que “não houve qualquer prejuízo aos associados”. Além disso, foi dito que seriam feitas avaliações caso a caso, mas parece que a diretoria esqueceu o que escreveu.
A Afubesp elenca aqui alguns depoimentos de banespianos que sofrem com a mais variada sorte de problemas: dificuldade de aprovação de procedimentos, médicos e hospitais que sempre fizeram parte da vida dos colegas e que não aceitam CNU, entre outros.
Brasília – DF
Na capital federal, as queixas são uníssonas. Segundo Christina Rubio Teixeira Pinto, que fala por si e representa os banespianos de Brasília insatisfeitos, a mudança para CNU foi ruim e desnecessária. “O Saúde BRB, sempre prestou um atendimento de primeira qualidade, com convênio nos melhores hospitais e clínicas. Cresceu junto de Brasília, atingindo um nível de abrangência e qualidade que dificilmente a CNU se equiparará”, comenta.
Ela conta que o prejuízo maior foi a perda de hospitais de excelência que sempre foram usados pelos colegas, como Sírio Libanês/Brasília-DF, Hospital Brasília, Santa Lúcia e HUB-Hospital Urológico de Brasília ( Hospital Dia), por exemplo.
“Ao procurar atendimento, eles dizem que tem convênio com a CNU mas, quando apresentamos a carteirinha prefixo 0865, Rede de Atendimento NA07 Especial, os atendentes informam que somente o Plano NA08 Master é atendido. Não sabemos antecipadamente quais procedimentos serão autorizados”, explica Christina, que completa: “É voz corrente nas clínicas e hospitais aqui em Brasília, que esse é o pior plano que poderiam nos oferecer. A CNU foi imposta sem consulta prévia, sem nossa solicitação. Queremos o Saúde BRB de volta!”
Rio de Janeiro – RJ
Na capital carioca, a CNU substituiu o plano Unimed Ômega Master. De acordo com Marilia Magalhães Poppe, com a mudança os usuários não podem usar nem os próprios hospitais da Unimed, apenas nos prontos atendimentos, que não dão suporte de nada.
“Nesse Plano CNU nos tiraram todos os hospitais da Zona Sul, o hospital de emergência mais próximo seria o Quinta D’Dor na Zona Norte, que fica há mais de uma hora de distância. Além de que vários médicos, laboratórios, clínica de oftalmologia, fisioterapia não temos mais”, comenta.
Para Denise Castelo Branco Oliveira, é nítido que a CNU é de qualidade inferior por conta de oferecer uma rede tão restrita. Com isso, muita gente vai acabar pagando médicos que já os acompanham há anos, pedir reembolso (que é um pouco mais de R$ 70 descontando a coparticipação) e ter que arcar com a maior parte do valor da consulta particular. “Como beneficiários do plano só tivemos prejuízo, até desconto em farmácia que tínhamos com o Ômega Master não temos mais com a CNU”, pontua. “A mudança dita na carta que foi feita pensando no beneficiário, não tem nada disso, estão pensando é nos cofres da Cabesp porque devem ter economizado bastante com isso”.
Salvador -BA
Na última semana, o convênio com a Camed deixou de funcionar para os associados da Cabesp, que agora podem usufruir apenas a rede da CNU. E foi justamente no primeiro dia sem Camed que a esposa do banespiano José André Nascimento, passou mal e foi uma odisseia para encontrar um hospital que a atendesse.
“Sempre usamos o Hospital Cárdio Pulmonar, mas agora ele não faz mais parte da rede. Minha esposa tem lúpus, descontrole de pressão arterial e outros problemas e foi um sufoco. Mais de duas horas correndo três hospitais e nada de atendimento”, comenta Nascimento.
O rompimento com a Camed também trouxe outra questão: como lidar com quem está no meio de tratamentos? Esse é o caso do Adalberto Dinoá, que fez cirurgia de catarata no olho direito, no Instituto de Olhos Itaigara. Está programada consulta para ver como foi a recuperação desta vista em novembro e também para agendar o procedimento para o olho esquerdo, que agora não tem mais cobertura.
“Sou associado há quase 50 anos e pago dois participantes no Plano Família, só aí já desembolso aproximadamente R$ 3.000 mensais. Agora que estamos mais precisando da nossa Cabesp, estamos sendo escorraçados com essas atitudes”, desabafa.
Natal – RN
Para os banespianos de Natal, a polêmica com a Cabesp vem de tempos. Começou quando o convênio com Unimed Norte/Nordeste parou de atendê-los por falência e a Camed, que embora preste bom serviço, tem uma rede reduzida que não dava conta de atender a demanda.
Em plena pandemia, os associados sofreram com a falta de especialistas e reivindicaram que um novo convênio reciprocidade fosse firmado para compor junto com a Camed. “Após 1 ano e 4 meses de insistentes pedidos, tomamos conhecimento da contratação da Central Nacional Unimed e cancelamento da Camed”, conta Sonia Regina de Macêdo Ribeiro. “Fizemos inúmeras reclamações para o Fale Conosco e Ouvidoria da Cabesp no sentido de que nossas reivindicações fossem ouvidas, mas é sempre a mesma resposta padrão, não levando em consideração nossos argumentos. Queremos as duas redes funcionando para melhor nos atender.”
Entre os problemas encontrados, Francisco Otacílio Campos de Souza, frisa alguns: “a demora na autorização de exames, chegando a esperar mais de 30 dias para autorização de Pet Scan, exame específico para pacientes oncológicos, pondo em risco a minha saúde já debilitada. Inclusive para atendimento de pronto socorro, chegamos a esperar cerca de 30 minutos para autorização do atendimento que fica em análise aguardando a Unimed de origem, no caso a CNU”.
Antônia Lucia de Araújo Lira ressalta outra questão: o Estatuto da Cabesp diz que deve assegurar assistência igualitária em todo território nacional. Mas isso não ocorre, como também não existe forma clara e transparente de comunicação com o associado.
Porto Alegre – RS
A situação no Rio Grande do Sul não é diferente dos outros cantos do país, especialmente pela falta de credenciamento de hospitais de ponta, que tem deixado os associados à mercê e indignados pela falta de informação da Cabesp em relação à rede credenciada.
De acordo com o presidente da Agabesp (Associação Gaúcha dos Aposentados do Banespa), Delvino Rigo Simon, os associados foram surpreendidos com a mudança da Cabergs, que prestava um atendimento satisfatório de longa-data, para CNU, que não tem em sua rede dois principais hospitais de Porto Alegre para atendimento emergencial: Moinhos de Vento e Mãe de Deus.
“Estas exclusões nos trouxeram grandes prejuízos e preocupação pela localização estratégica que se encontram na capital, onde se concentra a grande maioria dos associados, e também pelo bom atendimento”, explica Simon, que completa: “já mandamos uma representação para a Cabesp sobre este assunto, mas até agora não obtivemos resposta”.
Outras localidades
Se você mora em outras localidades e está passando o mesmo com a CNU, mande seu relato para afubesponline@afubesp.com.br.
A orientação da entidade é que todas pessoas que tenham se sentido prejudicadas com a mudança abram chamado no Fale Conosco e continuem registrando suas insatisfações junto a direção da Cabesp.