Com sarau e música, banespianos homenageiam centenário de Vinicius de Moraes
“Era ele que erguia casas / Onde antes só havia chão / Como um pássaro sem asas / Ele subia com as asas / Que lhe brotavam da mão / Mas tudo desconhecia / De sua grande missão: Não sabia por exemplo / Que a casa de um homem é um templo / Um templo sem religião / Como tampouco sabia / Que a casa quer ele fazia / Sendo a sua liberdade / Era a sua escravidão. (…)”
O trecho acima, que pertence à poesia “Operário em Construção”, de Vinicius de Moraes, foi uma das várias recitadas durante homenagem ao centenário do “poetinha” – como ele é carinhosamente chamado – em atividade do programa Qualidade de Vida de outubro, na tarde da quarta-feira (30). No clima predileto do homenageado, a turma de associados e visitantes se reuniu no Café dos Bancários para celebrar a carreira do autor de grandes obras da MPB e da literatura brasileira.
Logo na abertura do evento, o presidente da Afubesp, Camilo Fernandes, destacou o potencial do programa de reunir os colegas nos encontros, e deu as boas-vindas aos participantes. “Com o Qualidade de Vida, vemos que temos coisas muito boas para fazer do que só ficar em casa”, afirmou. Wagner Cabanal, dirigente da Afubesp e candidato a diretor financeiro nas eleições da Cabesp, também participou da atividade.
A proposta da atividade foi a realização de um sarau, onde os colegas declamavam poesias de Vinícius que ficavam disponíveis para leitura, enquanto o cantor e instrumentista Ricardo Melo dedilhava ao violão algumas canções ao fundo. Entre um recital e outro, o artista interpretava músicas consagradas, como “Eu Sei que Vou Te Amar”, “A Tonga da Mironga do Kabuletê” e “Garota de Ipanema” – esta última de reconhecimento internacional.
Videoclipes de apresentações de Vinicius com participação de grandes compositores e parceiros musicais – como Tom Jobim, Miúcha e Toquinho – foram exibidos. Em “Tarde em Itapuã”, célebre colaboração de 1971 com Toquinho (quem já declarou ser esta uma de suas músicas favoritas), os banespianos cantaram junto e, empolgados, pediram a reprodução de mais vídeos.
Depois que Vera Moura, Jaqueline Braga, Shisuka Sameshima e Olívia Araújo – coordenadoras do Programa – puxaram o sarau com “Operário em Construção” (1956), o microfone da atividade se tornou disputado: os associados escolheram poemas de diversas épocas da carreira artística do poetinha e se aventuraram na declamação. De volta à Afubesp, a diretora Selma Nascimento – de quem partiu a ideia da homenagem e da atividade – participou da confraternização. O colega Roberto, por exemplo, recitou “O Velho e a Flor”:
“(…) O amor é o carinho
É o espinho que não se vê em cada flor
É a vida quando
Chega sangrando
Aberta em pétalas de amor”
Da mesma forma que não seria Vinicius sem um copo de uísque ao lado, não seria festa de aniversário se faltasse o bolo: ao final da atividade, os colegas cantaram parabéns para encerrar a homenagem ao poetinha. Como dizia o poeta, “Quem já passou / Por esta vida e não viveu / Pode ser mais, mas sabe menos do que eu / Porque a vida só se dá / Pra quem se deu / Pra quem amou, pra quem chorou / Pra quem sofreu.
Promovendo reencontros
Depois de mais de vinte anos distantes, as amigas Miriam Glória do Amaral Diaz e Teresinha Rodrigues escolheram esta atividade do Qualidade de Vida para se reverem. Segundo a associada Miriam, aposentada desde 2006, as amigas de infância cresceram juntas na cidade de Tupi Paulista, mas cada uma seguiu seu caminho. Anos depois, por meio do Facebook, surgiu a oportunidade do reencontro. “Fiquei sabendo do evento, e combinamos pela internet de nos encontrarmos por aqui”, disse.
Além da ocasião marcante, as banespianas aprovaram o evento. Teresinha, aposentada desde 2005, se disse encantada pelo calor humano o qual foi recepcionada pelo grupo do programa. “Estas atividades são muito importantes para resgatar valores que não podem ser esquecidos”, ressaltou. Já Miriam, que logo em sua primeira experiência no QV recitou “Soneto de Fidelidade” – uma das grandes obras de Vinicius – destacou o clima de confraternização. “Eu acho que o encontro é muito importante. É uma maneira de distrair, de aproveitar, cultivar amizades.”
Letícia Cruz – Afubesp
Fotos: Jamil Ismail