BANESPIANOS E MOVIMENTO DOS SEM-TETO PROTESTAM CONTRA POLÍTICA ENTREGUISTA DE FHC E MÁRIO COVAS
Na última sexta-feira, feriado paulista em comemoração a revolução de 1932, a cidade de São Paulo presenciou mais uma demonstração de coragem e disposição de luta dos banespianos.
Durante a inauguração do Complexo Cultural Júlio Prestes, construído com a participação do Banespa, os funcionários do banco protestaram contra a política entreguista de Covas e FHC. Postados em frente à entrada principal, os manifestantes do Comando Nacional Banespa se uniram ao movimento dos moradores de cortiço e sem-tetos e, com faixas e cartazes, gritavam: “Fora FHC e o FMI”; “Covas e FHC, traidores de São Paulo e do Brasil” etc.
A maioria dos convidados teve de passar no meio da manifestação e foi vaiada pelos participantes. As exceções foram o senador Eduardo Suplicy (PT), sua esposa, a ex-deputada federal Marta Suplicy (PT) e o ex-arcebisbo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns. Os três foram aplaudidos e acenaram para os manifestantes.
O “panelaço” (batida de colheres nas panelas) e o “apitaço” assustou a segurança do local, que orientou o governador Mário Covas e o presidente FHC a entrarem pelos fundos do Complexo. Para fugir das vaias, os dois entraram de “fininho” para inaugurar a bela estação, que agora será palco de atividades culturais.
Um dos manifestantes, ao se dirigir ao ex-arcebispo de São Paulo, resumiu bem o sentimento do povo paulista: “O senhor vê Dom Paulo, enquanto lá dentro eles ouvem ópera e se banqueteiam com o dinheiro do povo, aqui fora as pessoas protestam contra a fome, as condições de vida e a política entreguista que tem gerado milhões de desempregados.”Dom Paulo ouviu e fez um movimento de aprovação com a cabeça, concordando com as afirmações que acabara de ouvir.
Carta aberta ao governador Mário Covas
Durante a manifestação, os militantes do Comando Nacional Banespa distribuíram aos convidados e à população documento em defesa do Banespa. Veja a íntegra da carta aberta:
O povo paulista exige a volta do Banespa para São Paulo
Neste 9 de julho, quando os paulistas comemoram a mobilização que, em 1932,
engajou homens, mulheres, jovens e idosos em uma causa de patriotismo e
cidadania, vimos fazer um apelo à V. Exa.: não passe para a história como o
governador que destruiu o principal símbolo de São Paulo.
Nós, trabalhadores paulistas, e a grande maioria da sociedade (conforme
comprovam pesquisas de opinião) consideramos um absurdo a privatização do
Banco do Estado de São Paulo S/A e, por essa razão, solicitamos a V. Exa.
que se una aos prefeitos, vereadores, produtores rurais e representantes das
micro, pequenas e médias empresas que exigem a volta do banco para as mãos
do povo paulista.
O Banespa tem hoje R$ 14 bilhões em caixa, recursos que podem e devem ser
destinados à geração de emprego e renda, financiando a produção de alimentos, habitações populares, micro e pequenas empresas. Por que privar a população desse patrimônio quase centenário, que acompanhou a história do desenvolvimento do Estado de São Paulo, justo agora que o país enfrenta tantos problemas e necessita de crédito para produzir?
Senhor governador, nos últimos meses, mais de 320 câmaras municipais em todo
o Estado aprovaram proposta de emenda constitucional (PEC) pedindo o retorno
do controle acionário do Banespa para São Paulo. A proposta continua sendo
apreciada e votada em dezenas de outras cidades, o que faz prever que esse
apoio à defesa do banco alcançará quase todo o território paulista.
No último dia 14 de junho, quando o Banespa completou 90 anos de existência,
em praticamente todas as agências e cidades de São Paulo e até de outros
estados foram realizadas atividades contra a privatização do banco, unindo funcionários, representantes do poder Executivo, parlamentares, sindicalistas, produtores rurais, líderes do MST, clientes e população em geral.
De 1994, quando houve a intervenção do Banco Central, até hoje, muita coisa
mudou em nosso país. As privatizações não trouxeram os benefícios
propalados, milhões de trabalhadores perderam seus empregos e a situação do país se agravou.
Para evitar que as ingerências do passado voltem a ocorrer na gestão do Banespa, propomos transformá-lo em um verdadeiro banco público, sob controle
da sociedade e gerido de forma democrática e transparente, com a participação de representantes dos municípios, da indústria, do comércio, dos produtores rurais e dos trabalhadores.
Por tudo isso, é necessário que V. Exa. empunhe a bandeira em defesa do
Banespa e do emprego dos paulistas. Se o Banespa vier a ser privatizado,
milhares de trabalhadores serão condenados a aumentar as estatísticas do
desemprego, pois esta tem sido a tônica das privatizações.
Senhor governador, é hora fazer valer o peso de São Paulo e trazer o Banespa
de volta para o povo paulista, do qual ele nunca deveria ter sido separado.
Confederação Nacional dos Bancários da CUT CNB
Federação dos Bancários Fetec/CUT-SP
Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região
Associação dos Funcionários do Conglomerado Banespa e Cabesp Afubesp
Diretoria de Representação e Participação Direp
Conselho de Representação e Participação Corep
Sindicatos e federações cutistas
Fonte:Afubesp