Bancos propõem reajuste de 5% com garantia de direitos
Após dez rodadas de negociação, categoria arranca da Fenaban aumento real de 1,18%, maior do que média dos acordos fechados no primeiro semestre, e a manutenção de todas as cláusulas da CCT. Em assembleias na quarta 29, bancários avaliam a proposta; Comando Nacional orienta pela aprovação
Num cenário de retirada de direitos, com a reforma trabalhista que precariza empregos e ataca a organização dos trabalhadores, os bancários mostraram mais uma vez sua força, garantindo uma proposta que mantém todas as conquistas históricas da categoria e ainda um reajuste de 5%, com aumento real de 1,18%, maior do que média dos acordos coletivos fechados no primeiro semestre (leia abaixo).
“Foram dez rodadas de negociação em que a Fenaban ou não apresentava nada ou apresentou propostas inaceitáveis, com alteração ou exclusão de cláusulas da CCT. Mas a categoria bancária mais uma vez mostrou sua força, tanto na mesa com os bancos quanto nas mobilizações que promovemos, com paralisações de agências e centros administrativos em todo o país. E conseguimos arrancar uma proposta que, além de manter nossas conquistas históricas, avança com novas, e prevê aumento real maior do que o de 0,5% proposto por eles anteriormente”, avalia a presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Ivone Silva.
Os bancários de todo o país avaliarão a proposta em assembleias na quarta-feira 29. Em São Paulo, a assembleia dos trabalhadores de bancos privados da base do Sindicato será no Clube Homs (Av. Paulista, 735); a dos empregados da Caixa será na Quadra dos Bancários (Rua Tabatinguera, 192, Sé); e a dos funcionários do Banco do Brasil será na Casa de Portugal (Av. da Liberdade, 602, Liberdade), às 19h. O Comando orienta pela aprovação da proposta Fenaban, assim como pela aprovação das específicas do Banco do Brasil e da Caixa.
“Diante do golpe que tem promovido enormes retrocessos no país, com aumento do desemprego, aprofundamento da crise e perda do poder de compra da população e com medidas como a reforma trabalhista, elaborada para retirar direitos e enfraquecer o poder de organização da classe trabalhadora. E diante de um cenário eleitoral de incertezas. Ter uma proposta que resguarda nossos direitos, que manteve a mesa única de negociação (com bancos privados e públicos) e os acordos por bancos e que garante aumento real, é uma vitória contra esses ataques todos que estamos sofrendo”, reforça Ivone. “Mais uma vez a luta da categoria bancária vai servir de modelo para as demais categoria que forem negociar daqui para a frente, fortalecendo toda a classe trabalhadora”, acrescenta.
A dirigente lembra ainda que a reforma trabalhista acabou com a ultratividade, princípio que previa a validade de um acordo até a assinatura de um novo. “Com o fim da ultratividade, nossa CCT perde a validade em 31 de agosto. Por isso antecipamos nossa campanha este ano e é fundamental fechar um acordo no tempo hábil, antes da data base da categoria (1º de setembro).”
Ela destaca que a Campanha dos Bancários 2018 também garantiu os direitos dos trabalhadores dos bancos públicos, que estão sendo desmontados pelo governo Temer. “Nossa luta também foi vitoriosa porque manteve os direitos específicos previstos nos acordos do Banco do Brasil e da Caixa.”
A proposta garante ainda todos os direitos para os empregados hipersuficiente (bancários com salários a partir de R$ 11.291,60). O empregado hipersuficiente foi criado pela nova lei trabalhista: eles poderiam estabelecer suas condições de trabalho diretamente com o empregador, e não estariam resguardados pelo acordo coletivo da categoria. “Conseguimos manter a validade da CCT para esses bancários”, reforça Ivone.
Prevê, também, acordo com validade de dois anos, já garantida para 2019 a manutenção de todos os direitos, além da reposição total da inflação (INPC) mais 1% de aumento real para salários e demais verbas. Se aprovada a proposta, a primeira parcela da PLR será paga em 20 de setembro.
TODOS OS DIREITOS ESTÃO GARANTIDOS
• Garante o parcelamento do adiantamento de férias em três vezes, a pedido do empregado;
• Mantém todos os direito da CCT ao hipersuficiente (quem ganha a partir de R$ 11.291,60);
• Realização do terceiro Censo da Diversidade, levantamento fundamental sobre o perfil da categoria para a promoção da igualdade de oportunidades;
• Está mantida a proibição da divulgação de ranking individual, prevista na cláusula 37ª da CCT, conquistada pela categoria como forma de reduzir a pressão por metas;
• Cláusula do vale-transporte volta a ser a conquista da categoria de 4% de desconto sobre o salário base;
• Horário de almoço poderá ser flexibilizado: quem tem jornada de 6 horas e tiver de fazer hora extra, terá intervalo de almoço de 30 minutos, e não de 1 hora como determina a lei;
• Mantém o vale-cultura (cláusula 69) conforme queriam os trabalhadores, para que o direito esteja garantido caso o governo federal retome o programa.
Aumento real acima da média dos acordos no semestre
Levantamento feito pelo Dieese, que levou em conta 2.896 acordos entre janeiro e junho, mostra que 78% deles tiveram aumento real, e a média foi de 0,94%. A força da categoria, na mesa de negociação com os bancos e nas mobilizações em todo o país, garantiram reajuste de 5% com aumento real de 1,18%.
Andréa Ponte Souza, Spbancarios
Foto: Jailton Garcia/Contraf-CUT