Após ação do sindicato, bancária demitida com câncer é reintegrada no Santander
Uma pergunta que temos feito principalmente nestes tempos de pandemia é quanto o Santander acha que vale a vida de seus trabalhadores. Porém, muito antes dessa fase atípica chegar, o banco já adotava práticas bastante questionáveis. Exemplo disso é a demissão em novembro do ano passado de uma bancária em plena luta contra um câncer de mama. Desde então, o Sindicato dos Bancários denunciou, reivindicou e, meses depois, conseguiu por meio de ação judicial a reintegração da funcionária.
A demissão ocorreu em um dia que o sindicato protestava na frente do prédio do antigo Casa 1, em Santo Amaro, denunciando as demissões em massa que o banco promoveu na época – uma “tradição do mal” em períodos que antecedem o Natal e Carnaval. De acordo com o dirigente da Afubesp e do sindicato, Roberto Paulino, a bancária relatou a ele a demissão. “Questionei como foi o processo e se ela tinha algum problema de saúde, e então ela contou sobre a doença”, recorda. A demissão deixaria a trabalhadora sem direito ao plano de saúde em um momento especialmente delicado.
Então começou a tentativa de reintegração – primeiro por via administrativa, com formalização de e-mail junto ao RH e Relações Sindicais do banco. Porém, o banco foi intransigente e negou a reivindicação. Logo, o sindicato ingressou uma ação na Justiça. “Tentamos reverter a demissão pela via da negociação, mas o banco se mostrou irredutível, o que nos obrigou a promover denúncias e protestos e, finalmente, fomos forçados a acionar a Justiça, que deu ganho de causa à trabalhadora”, relata Roberto.
A juíza Renata Prado de Oliveira Simões, da 9ª Vara do Trabalho de São Paulo, ordenou que a bancária seja reintegrada ao quadro de funcionários do Santander, tendo seus direitos e benefícios restabelecidos – inclusive o plano de saúde. A bancária deve, também, ser mantida em home office por estar no grupo de risco da covid-19.
Para a bancária, que prefere não revelar seu nome, a justiça foi feita. “Quando eu tentei a reintegração, buscava algo correto e justo, porque quando eu fui demitida, eles sabiam que eu passava por um tratamento de saúde e não houve nenhuma preocupação por parte do banco. Quando eu fui demitida, o Sindicato estava na porta do banco protestando porque várias pessoas foram demitidas no mesmo dia”, conta a trabalhadora.
Lucros em detrimento de vidas
O Santander deve respeito aos trabalhadores brasileiros, uma vez que são responsáveis por 29% do lucro mundial do banco espanhol. Apesar disso, desrespeita os direitos dos trabalhadores com sobrecarga e assédio – e, em casos como os rotineiramente relatados, demissões. Até em períodos atípicos de pandemia, o banco pensa em retirar bancários do home office e recolocá-los nas agências aproveitando a flexibilização do isolamento social.
“O banco não se preocupa com seres humanos que suam para construir seu lucro. É assim com trabalhadores e trabalhadoras com doenças ocupacionais, crônicas, com deficiências, etc”, ressalta Paulino. “Nos corredores todos sabem que, para o banco, somos meros números.”
Afubesp com informações SP Bancários