Tragédia climática no RS: como estão banespianos e bancários da ativa
A Afubesp, desde segunda-feira, dia 6, vem coletando informações de como ajudar os habitantes do Rio Grande do Sul, que estão vivendo dias duros, até para quem não foi atingido pelas fortes chuvas que fizeram transbordar o Guaíba.
Uma primeira nota publicada no site forneceu caminho para quem busca colaborar com as inúmeras faltas que o povo gaúcho está sentindo. Em seguida, a presidenta da Afubesp, Maria Rosani conversou via mensagem com o presidente da Agabesp, Henrique Kornowski, que falou sobre a situação e de como está a comunidade banespiana no estado.
“A questão psicológica, emocional que afeta todo mundo, mesmo que não está atingido, porque estamos num cenário de guerra, de plena devastação aqui. Mas estamos em umas frentes muito amplas, solidariedade é grande, ajudando todo mundo”, comentou Kornowski. A íntegra da conversa pode ser ouvida ao final desta matéria.
No mesmo dia, o diretor executivo da Afubesp Ademir Wiederkehr também atualizou a situação no estado. Mas, de lá pra cá, os números subiram muito e são assustadores.
De acordo com o novo boletim divulgado pela Defesa Civil, na manhã desta quarta-feira (8), o número de cidades gaúchas atingidas pelo desastre chegou a 414 de um total de 497 municípios, com 95 mortes registradas, 225,4 mil pessoas estão fora de suas residências; desse contingente, 66,4 mil estão acolhidas em abrigos e 158,9 mil são consideradas desalojadas. Um total de 1,4 milhão de pessoas afetadas, de alguma forma, pela tragédia, segundo autoridades locais. Definitivamente, a maior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul.
O estado possui 292 banespianos (a maior parte vive em Porto Alegre e Caxias do Sul) e, segundo o diretor administrativo eleito da Cabesp, Wagner Cabanal, todos esses – que são associados e beneficiários da Caixa – foram mapeados e têm sido contatados. “Estamos ligando para as pessoas, para ver se precisam de alguma ajuda psicológica, médicos, e alguns profissionais estão de plantão para prestar este auxílio”, comenta. Ele também informou que os hospitais Mãe de Deus e Moinhos de Vento não estão atendendo emergências porque foram afetados pela enchente.
Criado um comitê de crise
Em reunião com Fenaban (Federação Nacional dos Bancos), realizada virtualmente nesta semana, representantes sindicais da Contraf-CUT, Fetrafi/RS e Sindbancários/PoA relataram a situação de calamidade pública que vive o Rio Grande do Sul com as fortes chuvas dos últimos dias.
Segundo o presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, o suporte em nível nacional, demonstrado pela crescente rede de apoio e mobilização, também precisa vir do conjunto dos bancos, que participaram em peso na reunião virtual. “A situação é muito pior do que imaginávamos que podia ser. Mesmo na capital, que conta com muros, diques e estrutura complexa de proteção, a situação é de colapso. Há municípios inteiros completamente submersos. E as demonstrações de unidade e empatia são fundamentais, nos dão força para continuar o trabalho de resgate e solidariedade feito neste momento”.
Fetzner acredita que uma comunicação uníssona dos bancos para a categoria bancária é o caminho para passar o sentimento de tranquilidade a quem precisa de ajuda e a quem precisa ajudar a família.
Ao final ficou acordado a criação de um comitê de crise para tratar da situação das enchentes. O diretor-executivo de Relações Institucionais da Fenaban, Adauto Duarte, manifestou pesar pelo que tem ocorrido e verbalizou posição de “concordância absoluta” frente à proposta de instalação de um comitê de crise.
Segundo Duarte, a prioridade deve ser a segurança do bancário e da família. “Agradecemos especialmente aos 608 dirigentes sindicais do RS, às entidades sindicais e aos bancos com agências em operação pela ajuda em identificar as situações individualizadas. A proximidade do dirigente sindical com o bancário é fundamental, porque ele sabe com quem pode contar quando a situação complica”, apontou, referindo-se ao apoio emocional e ao suporte prestado pelos sindicalistas.
“É gravíssimo o que está ocorrendo. Em 120 cidades, bancos simplesmente não conseguiram abrir. Estamos calibrando o primeiro dia depois do final de semana e vendo como a população vai ser atendida minimamente nessa situação, verificando se é possível dispensar os funcionários ou se é possível deixar um contingente”, pontuou o representante da Fenaban.
Acolhimento
A sede do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre (Rua General Câmara, 424, Centro) está acolhendo as vítimas e servindo três refeições por dia (café da manhã, almoço e jantar) às pessoas em situação de rua e desalojadas. E está com plantão via whatsapp pelo número (51) 99949-9484.
A entidade precisa de insumos para preparar as refeições (alimentos não perecíveis), além de água, vela, roupas para crianças e adultos, fraldas, calçados, cobertas, travesseiro, colchões e kit higiene pessoal.
As orientações do sindicato aos bancários são as seguintes:
– Quem não tiver condições de se deslocar ao local de trabalho, não vá e comunique a situação ao banco;
– Quem teve sua casa afetada pelo desastre, não vá trabalhar e comunique a situação ao banco;
– Quem puder, saia da cidade e se instale em um local seguro.
– Caso tenha condições e estrutura adequada, solicite teletrabalho.
– Agência/unidades sem condições adequadas de trabalho não devem funcionar.
Érika Soares – Afubesp
Foto: Ricardo Stuckert / PR
Ouça a íntegra o relato do presidente da Agabesp à Afubesp