Fórum debate a participação da população negra no sistema financeiro
No último final de semana, dias 10 e 11 de novembro, foi realizado em Porto Alegre, o VII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, que trouxe uma série de debates sobre as relações de trabalho na vida da população negra: história e suas consequências, participação e políticas de inclusão no mercado de trabalho, o empoderamento da mulher trabalhadora, redução das desigualdades e combate à discriminação racial dentro da categoria bancária.
A íntegra dos debates nos dois dias pode ser assistido no Youtube do SindBancários, que sediou o evento organizado pela Secretaria de Combate ao Racismo da Contraf.
Durante o painel de abertura do Fórum “Análise de conjuntura histórica das relações de trabalho e raciais no Brasil e suas consequências na vida da população negra” o professor e doutor em Economia pela Universidade de Sorbonne (França), Mário Theodoro, disse que o mercado de trabalho é um dos motores que reproduzem as desigualdades no país, que a lei das cotas ajudou a “quebrar um pouco este motor”, mas ainda há muita disparidade em vários setores.
Para ele, uma forma de combater o racismo no sistema financeiro é por meio da adoção de ações afirmativas, como contratar mais pessoas negras e também dar a elas possibilidade de progressão de carreira.
Em outro painel, a técnica da subseção do Dieese na Contraf, Vivian Machado, antecipou pontos do relatório sobre os negros e negras no mercado de trabalho que será lançado no dia 20 de novembro.
Segundo a economista, a forma como o mercado está estruturado impacta principalmente os negros, e em especial as mulheres negras. “Os negros e negras estão mais desprotegidos no mercado de trabalho, pois atuam sem carteira, por conta própria, em trabalhos familiares ou como auxiliares. Temos aí 45,8% de homens negros e 46,5% de mulheres negras em trabalhos desprotegidos”, pontuou Vivian.
Na categoria bancária, as negras e os negros autodeclarados somam apenas 110 mil trabalhadores, e destes, 11,4% são mulheres. Essa parte da população é também a que recebe os menores salários, evidenciando ainda mais a desigualdade. Enquanto a média salarial das mulheres da categoria em 2021 era de R$ 8.812,11, a das mulheres pretas era de R$ 7.023,55 – em média 40,6% inferior à remuneração do bancário branco do sexo masculino. Nos cargos de liderança, o recorte de raça e gênero mostra uma realidade ainda mais absurda: brancos representavam, em 2021, 75,5% dos cargos, contra 20,3% da população preta e parda nessas posições. As mulheres pretas e pardas são apenas 8,8% desse universo.
Afubesp com informações SindBancários
Foto: Eduardo Seidl