Em greve, bancários de São Paulo avançam na mobilização
A categoria bancária continua mobilizada nesta sexta-feira (20), segundo dia de greve dos bancários em todo o país. Em São Paulo, os bancários e dirigentes sindicais mantêm as portas das agências fechadas, em trabalho de conscientização dos clientes que passam pelas unidades em busca de informação.
Desde o início da manhã, o presidente da Afubesp Camilo Fernandes esteve em mobilização no Centro Administrativo Santander (Casa 2), na zona sul, ao lado dos dirigentes Rita Berlofa, Maria Rosani Gregorutti, Alberto Maranho, Danilo Perez e Mario Raia. “A Casa 2 tem unanimidade de adesão, não só dos bancários do Santander, mas também da Caixa Federal”, informa o presidente. No local, há cerca de 1,4 mil trabalhadores entre bancários e terceirizados das empresas Produban, Isban e do grupo Web Motors.
Na Agência Central do Santander na Rua Boa Vista, o bancário R. S., que pediu para não ser identificado, falou sobre a importância do engajamento da categoria na paralisação. “É a quarta vez que participo, sempre amigavelmente. Temos de reivindicar nossos direitos. A gente tem a cobrança, vê muita gente sofrendo por aí com as metas, mas em um período como este acaba tendo medo das consequências”, afirma.
Na opinião do bancário, o ponto capaz de destravar as negociações seria a disposição dos bancos em acatarem o aumento real. A categoria reivindica nesta campanha um reajuste salarial de 11,93% – que significa a reposição da inflação mais aumento real de 5%. No entanto, na mesa de negociação, a Fenaban propõe até o momento índice de 6,1%, percentagem considerada insuficiente pelos bancários.
>>> Saiba mais sobre as reivindicações da Campanha Unificada 2013
Segundo o diretor da Fetec-CUT/SP, Anderson Pirota, os bancos não mostram boa vontade em encontrar soluções tanto para a remuneração quanto para questões básicas, como as condições de trabalho e demissões. “Só quem pode acabar com a greve é o banqueiro”, diz. O dirigente lembra, ainda, a nada privilegiada posição na qual o Santander se encontra no ranking do Banco Central, sendo pela sétima vez campeão de reclamações. “É uma coisa inimaginável, e as demissões frequentes refletem estes resultados”, completa.
Estão sendo distribuídos jornais informativos do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região nas portas das unidades com o intuito de esclarecer os clientes. Na publicação, podem ser encontrados dados sobre a lucratividade das instituições financeiras, tal como sua despesa com pessoal. No Santander, por exemplo, a relação receita de prestação de serviço e despesa de pessoal passou de 134% para 156,5% no primeiro semestre deste ano.
“A greve é um direito que eles têm”, pontua Maria das Dores, cliente do Santander há seis anos, na saída da agência da Rua da Quintanda, no centro da cidade. De acordo com a entidade sindical, há apoio dos clientes aos funcionários grevistas na busca por melhores condições no serviço.
No primeiro dia de greve no país, 6.145 agências ficaram de portas fechadas, de acordo com balanço divulgado pela Contraf-CUT. Em São Paulo, 18 mil bancários aderiram à greve em 580 agências. O balanço atualizado da confederação mostra um crescimento de 18,5% na adesão no segundo dia, com 7.282 unidades fechadas em todo o país.
Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato, cobra respeito dos bancos aos trabalhadores que geram lucros bilionários. “Começamos ontem e nosso movimento continua até os bancos atenderem nossa reivindicações”, pontua, ressaltando também a importância de outras reivindicações da pauta, como o vale-cultura.
>>> História mostra que mobilização dos bancários é essencial para conquistas
A categoria realiza nova assembleia para avaliar o movimento na segunda (23), às 17h, na Quadra (Rua Tabatinguera, 192, Sé). Outra atividade está programada para a terça-feira (24), em passeata na Avenida Paulista. A concentração será às 16h, no vão livre do Masp.
Letícia Cruz – Afubesp