DISCRIMINAÇÃO RACIAL SOBREPÕE-SE À DISCRIMINAÇÃO POR SEXO
Amanhã, 20, é o Dia Nacional da Consciência Negra, uma homenagem a Zumbi, o líder do Quilombo dos Palmares que serviu de abrigo a africanos escravizados que conseguiam fugir do cativeiro. Zumbi morreu há 304 anos e simboliza a resistência dos negros à opressão e à desigualdade.
Observando-se o estudo “Mapa da População Negra no Mercado de Trabalho”, elaborado pelo Dieese e divulgado recentemente, percebe-se que a população negra no Brasil ainda tem muito trabalho pela frente para conquistar a cidadania plena com igualdade de oportunidades.
O documento do Dieese demonstra que a discriminação racial é um fato cotidiano, que interfere em todos os espaços do mercado de trabalho no Brasil, sobrepondo-se até mesmo à discriminação por sexo. As mulheres negras enfrentam, assim, um cenário duplamente discriminatório, sexual e racialmente.
A comparação das taxas de desemprego do ano passado mostrou que 86,4% dos desempregados da região metropolitana de Salvador (BA) são negros. Em Recife e no Distrito Federal, cerca de 68%. Esse índice cai para 40% na região metropolitana de São Paulo e para 15,4% em Porto Alegre. Em todas as regiões, as mulheres negras compõem os maiores índice de desempregados.
Entre os assalariados, constata-se que os rendimentos de trabalhadores negros são sistematicamente inferiores aos dos não-negros.
Segundo resenha do Dieese sobre o Mapa, os rendimentos inferiores dos negros “expressam o conjunto de fatores que reúne desde a entrada precoce no mercado de trabalho, a maior inserção da população negra nos setores menos dinâmicos da economia, a elevada participação em postos de trabalho precários e em atividades não-qualificadas e as dificuldades que cercam as mulheres negras no trabalho. São o indicador, por excelência, dos resultados da combinação da pobreza, da desigualdade e da discriminação na constituição da sociedade brasileira.”
Rafael Pinto, diretor da Afubesp, afirma que a pesquisa retrata o quadro de extrema gravidade enfrentado pelo negro brasileiro para sua inserção no mercado de trabalho. “Isso demonstra que a conquista da cidadania plena no Brasil, na qual todos tenham efetivamente as mesmas possibilidades de viver com dignidade, tem de ser precedida de uma luta sem tréguas pela construção da igualdade racial “, diz.
Serviço: O estudo do Dieese foi elaborado a pedido do Inspir – Instituto Interamericano pela Igualdade Racial, dirigido por Vicente Paulo da Silva (Vicentinho), presidente da CUT. Uma resenha do Mapa está disponível na home page do Dieese: www.dieese.org.br
fonte: AFUBESP