Dirigentes sindicais debatem desafios no Encontro Nacional Santander
Teve início nesta terça-feira (4) o Encontro Nacional de Dirigentes Sindicais do Santander, em São Paulo. O evento reúne cerca de 140 dirigentes sindicais de todos os estados e tem como objetivo principal refletir sobre os desafios a serem superados em negociações com o Santander, como as questões de reestruturamento das agências, previdência complementar, demissões, as práticas antissindicais e diversos outros problemas específicos que cada região trouxe de seus respectivos encontros estaduais. O evento ocorrerá até a quarta-feira (5).
Participaram da mesa de abertura do encontro o presidente da Afubesp Camilo Fernandes, a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região Juvandia Moreira, o dirigente da Afubesp e secretário de imprensa da Contraf-CUT Ademir Wiederkehr, a secretária de Relações Sindicais e Sociais do Seeb-SP e diretora financeira da Afubesp Maria Rosani Gregorutti e o presidente da Fetec-SP, Alemão.
Para iniciar os trabalhos, a técnica do Dieese da subseção da Contraf-CUT Vivian Machado explicou dados importantes sobre o banco espanhol e comparou números referentes aos lucros, a relação do banco com a elevação da taxa básica de juros e na questão do emprego entre o 1º trimestre de 2013 e o mesmo período do ano passado, entre outros pontos. Chamou a atenção o corte nas despesas de pessoal: -4,2% somente neste período. Enquanto ocorrem os desligamentos (a maioria deles sem justa causa), o volume de trabalho aumenta com a abertura de novas contas, junto com a pressão por metas sofrida pelos trabalhadores.
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De acordo com Camilo Fernandes, a exposição dos dados consolidados pelo Dieese é um momento importante do debate. “São dados extraídos do balanço do banco, e ajudam para que todos os dirigentes tenham o mesmo nível de informação e que possam usá-los para discutir com os trabalhadores nas agências, principalmente em um momento de início de campanha salarial”, ressaltou.
Rita Berlofa, secretária de finanças do sindicato e vice-presidenta da Afubesp, vê o Santander agindo “na contramão” dos demais bancos do sistema financeiro nacional. “O banco opta pelo caminho mais fácil, que é demitir. Nós entendemos que para o banco ser competitivo acima de tudo, precisa ter estratégia no relacionamento com o cliente”, pontuou. A diretora executiva lembrou, ainda, das várias reclamações que o Santander coleciona junto ao Banco Central decorrentes desta política de não prezar pelo atendimento de qualidade.
“Queremos desafiar o banco, que é o 10º no ranking mundial, a mudar esta visão ortodoxa e aumentar o quadro de funcionários nas agências para atender bem os clientes. Que venha a ser este o diferencial do Santander”, completou.
O grande desafio do encontro nacional colocado aos dirigentes sindicais presentes no evento, segundo Rita, é saber qual será a linha de atuação no próximo período em meio às demandas e reivindicações colocadas.
Nova realidade
A política de cortes de postos de trabalho acontece em um contexto onde a estratégia é de ampliar e melhorar o relacionamento com o cliente, como expôs o professor Moisés Marques, que discorreu sobre a conjuntura nacional e internacional do Santander, além da crise e das mudanças do sistema financeiro.
Partindo das análises feitas, Marques apontou algumas projeções para o futuro do banco e da categoria, como a necessidade do bancário e do movimento sindical entenderem a migração da agência para o banco digital como canal com o cliente e adaptar as formas de mobilização. Outra possibilidade, segundo ele, é que o funcionário atue cada vez mais como consultor nesta nova realidade. “A mobilização, com piquetes, vai acabar. O movimento paredista com certeza irá acontecer, mas teremos de buscar outras formas. Na era da mobilidade, a mobilização terá de ser diferente”, disse o especialista, pontuando como “irreversível” o avanço da tecnologia no trato bancário.
A redução do número de funcionários nas agências tem a ver com o investimento nas plataformas tecnológicas, de acordo com Marques.
Na opinião de Maria Rosani Gregorutti, a aposta no atendimento online faz parte da pressão feita pelos bancos em geral para tirar o cliente das agências e deixar a cargo dos correspondentes bancários. “A busca dos bancos é elevar o índice de eficiência, que é tentar captar mais lucro gastando menos. Se o spread é baixo, eles conseguem isso aumentando tarifas e reduzindo quadro de trabalhadores”, explicou a dirigente.
Continuam os debates sobre saúde, condições de trabalho, previdência complementar e democratização da mídia. Na quarta-feira (5), as resoluções deliberadas nos encontros regionais serão apresentadas em grupos de trabalho temáticos.
Letícia Cruz – Afubesp
Fotos: Camila de Oliveira