Campanha 2012: bancos ganham muito e querem pagar pouco
Balanços mostram que instituições financeiras têm desempenho maior que outros segmentos da economia, mas propõem reajuste menor
Quem observa os números nos balanços das sete maiores instituições financeiras que operam no país percebe que a situação de Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil, Caixa, HSBC e Safra – que juntos lucraram R$ 25,8 bi apenas no primeiro semestre – é de fazer inveja aos demais setores da economia.
O lucro, já elevado, poderia ser bem maior, caso os provisionamentos para devedores duvidosos (PDD) não tivessem sido tão elevados, mesmo com a baixa inadimplência registrada no país. Como o PDD entra como despesa, pode rebaixar a PLR.
Rentáveis demais – Outros dados informados pelos sete maiores bancos deixam claro o quanto o setor continua ganhando. Quando se compara o primeiro semestre de 2011 com igual período deste ano observa-se crescimento no que se refere a ativos totais, patrimônio líquido, receita de prestação de serviços e operações de crédito (veja quadro abaixo).
O setor também tem uma das mais altas rentabilidades da economia nacional. Nos três maiores bancos privados – Bradesco, Itaú e Santander –, a rentabilidade mediana ficou em 20,16% no primeiro trimestre, segundo a Consultoria Economática. Outros setores têm números muito menores (8,57% para Siderurgia e Metalurgia; 5,65% para Alimentos e Bebidas; 9,97% para Têxtil; 2,91% para Químico 2,91%; 7,01% para Telecomunicações e 8,58% para Construção), mas pagaram aumento real maior aos seus empregados. “Estudo do Dieese mostra que 97% das categorias profissionais fecharam campanhas salariais com aumento real médio de 2,23% no primeiro semestre. Os bancos, que ganham mais que todos esses setores, querem pagar menos aos seus funcionários”, ressalta a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.
Executivos – Os bancos querem economizar com os salários dos trabalhadores que estão na linha de frente, encarando o atendimento aos clientes e sofrendo para bater metas, mas não economizam com a remuneração dos executivos.
Enquanto as despesas das maiores instituições com pessoal cresceram 5,2%, entre 2010 e 2011, a remuneração dos executivos subiu 14,29% no mesmo período. E os cálculos para 2012 mostram que essa remuneração vai aumentar mais 9,7%. “Na hora de ampliar a remuneração dos altos executivos os bancos não medem esforços. Mas na hora de reconhecer o esforço dos trabalhadores vêm com choradeira na mesa de negociação”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.
Tarifa paga pessoal – Só com o montante que arrecadam com tarifas, bancos pagam folha de pessoal e ainda sobra dinheiro. O BB arrecadou R$ 10,3 bi com tarifas no primeiro semestre, 21,33% a mais do que o arrecadado em igual período de 2011. Com esse dinheiro, cobre em 130,25% a despesa com pessoal. A Caixa alcançou R$ 6,8 bi, cobrindo 110,14% sua folha.
O Itaú arrecadou R$ 10 bi, cobrindo em 147,61% o pagamento dos empregados. O Bradesco cobre 137,87% os salários de funcionários. Com os R$ 4,8 bi, o Santander cobre em 159,88% sua folha.
Apesar disso, não contratam mais funcionários para melhorar as condições de trabalho.
Mais emprego – Isso mostra que os bancos têm condições de ampliar os postos de trabalho. O Comando Nacional enviou carta com a reivindicação a todas as empresas, já que a Fenaban afirmou que o tema deveria ser debatido banco a banco. Bancos ainda não responderam.