Bancos propõem reajuste de 6,1%, sem aumento real
Os bancos deram mais uma mostra de desrespeito e descaso com seus funcionários. A Fenaban veio para a rodada de negociação da quinta-feira 5 propor índice de 6,1%, sem aumento real para os salários. O mesmo reajuste foi proposto para vales, auxílios, piso e PLR, que permaneceria no modelo atual.
A “proposta global” da Fenaban não trouxe qualquer avanço sobre o fim das metas abusivas e das condições de trabalho que adoecem, para o fim das demissões ou mais contratações para reduzir a sobrecarga de trabalho. Os bancos também não propuseram nada para a assistência às vítimas de assaltos e sequestros.
“Ou seja, os bancos, que viram seus lucros bater a casa dos R$ 30 bi, somente nos primeiros seis meses deste ano, propõem pagar aos seus funcionários 6,1% de reajuste salarial e não melhoram condições de trabalho. Isso é inadmissível”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando. “Na mesa já avisamos: não aceitamos esse índice sem aumento real”, relata a dirigente. A Fenaban foi categórica: essa é a proposta “para fechar” a campanha.
“Não vamos fechar sem aumento real e melhorias para a saúde, segurança e as condições de trabalho dos bancários. Faremos uma assembleia no dia 12 e se até lá não houver uma proposta decente os bancos estarão levando a categoria à greve geral por tempo indeterminado a partir do dia 19.”
O lucro dos seis maiores bancos – BB, Caixa, Itaú, Bradesco, Santander e HSBC – cresceu 18,2% comparando o resultado do primeiro semestre de 2013 com mesmo período de 2012. “Ressaltamos isso na mesa e deixamos claro que nossas reivindicações partem dos ganhos bilionários que o setor tem sempre. Mas há bancos que já estavam obrigando seus empregados a bater metas ‘antes da greve’, conforme foi denunciado pelos bancários ao Sindicato. Um claro sinal de desrespeito à mesa de negociação e a toda a categoria.”
Pouco – Os bancos aceitaram reduzir o prazo de apuração do instrumento de combate ao assédio moral de até 60 para até 45 dias , além de criar um grupo de trabalho para análise das causas dos afastamentos por doença ocupacional no setor.
“Tudo isso é importante, mas não resolve um problema primordial da categoria, que são os adoecimentos, a pressão, a cobrança diária por metas”, reforça Juvandia. “Tampouco anunciaram qualquer mudança no processo de demissões que vem acontecendo nas instituições financeiras, nem em contratar para melhorar a rotina nos locais de trabalho, ou adotar o abono assiduidade que pode melhorar a qualidade de vida da categoria.”
Outra proposta foi a realização de um seminário para discutir as mudanças tecnológicas nos bancos – o objetivo dos trabalhadores é debater o impacto da tecnologia sobre o trabalho do bancário.
Um avanço apresentado é a não devolução do adiantamento emergencial de salário dos bancários afastados por doença ocupacional que o INSS considera apto e o banco inapto ao trabalho. Trata-se da cláusula 59, parágrafo 1º, alínea b, que hoje prevê a devolução desse adiantamento com limite mensal de 30% da remuneração líquida. De acordo com o proposto, os bancários não terão mais de devolver esse adiantamento.
Assembleia – O Sindicato está convocando assembleia para a próxima quinta-feira 12, a ser realizada a partir das 19h, na Quadra dos Bancários (Rua Tabatinguera, 192, Sé). “Todos os bancários devem comparecer para rejeitar a proposta dos bancos, definir e organizar a greve a partir do dia 19”, ressalta Juvandia.
“A Fenaban destacou em mesa que nossa Convenção Coletiva de Trabalho é muito boa, que os bancários têm patamar elevado. Se é boa, é porque os bancários, na luta, nunca permitiram a retirada de direitos e sempre buscam novas conquistas. Mas tem muito que melhorar diante do lucro dos bancos. E este ano não será diferente.”
Seeb-SP